Realmente nós, que somos cristãos convinctos, é difícil entender o comportamento dos judeus hoje. Mas não só dos judeus: de todos aqueles que, mesmo conhecendo, não acreditam em Jesus.

 

Os primeiros cristãos foram judeus

É importante notar que na sua pergunta existe algo não exato, que muita gente esquece e que foi fonte de muita discriminação, chegando inclusive a provocar tragédias tal como o extermínio dos judeus durante a II Guerra Mundial. Não é verdade que os judeus nunca acreditaram em Cristo. De fato, todos os apóstolos eram judeus e foram os primeiros seguidores de Cristo. Paulo, que também era judeu pregou a Boa Nova entre os judeus que viviam fora de Jerusalém. A igreja nasceu com os judeus, que acreditavam em Cristo.

 

A separação

Hoje o cristianismo, com suas diversas confissões, e o judaísmo, com suas diferentes correntes, são duas religiões diferentes. Os une a fé na Palavra de Deus presente no Antigo Testamento, parte da Bíblia comum a todas as duas religiões.

Historicamente falando, desde o iníico do cristianismo houveram incompreensões tanto teológicas quanto humanas a respeito da proposta de Jesus. Enquanto alguns judeus abraçavam a sua proposta, outros se afastavam daquilo que dizia, sendo o elemento mais decisivo a natureza messiânica de Jesus.

A distância entre os dois grupos foi aumentando à medida que os cristãos cresciam e se tornavam independentes. De fato, em Atos dos Apóstolos ainda vemos os apóstolos frequentando o Templo, como judeus. Com o ingresso dos pagãos no cristianismo, a roptura com os judeus se concretizou e foi institucionalizada por volta do ano 90 depois de Cristo, com o Concílio de Jamnia, onde os Judeus se afastaram definitivamente dos cristãos, seguindo sua própria estrada, sua própria religião.

 

Diálogo com os judeus

Hoje, entre os judeus, existem cristãos. Em Jerusalém é bem conhecida uma paróquia católica, que acolhe judeus. Existem também os judeus messiânicos, que creem em Jesus como o messias prometido, mas seguem os preceitos da religião judaica.

Hoje o diálogo interreligioso levou a cada uma das duas religiões redescobriu o valor da outra e a amizade entre as duas religiões cresceu. Graças principalmente ao protagonismo do Papa João Paulo II, hoje existe uma simpatia substancial que leva à amizade mesmo onde o perfil doutrinal pode criar problemas.

É significativo o testemunho de um dos protagonistas da visita do Papa João Paulo II à Sinagoga de Roma. Esse testemunho é do então rabino-chefe de Roma, Elio Toaff, que assim escreve no volume autobiográfico “Pérfidos judeus, irmãos maiores”:

“Juntos, entramos no Templo. Passei em meio ao público silencioso, de pé, como num sonho, com o papa ao meu lado, seguidos por cardeais, bispos e rabinos: uma procissão incomum e certamente única na longa história da sinagoga. Subimos à Tevá e nos voltamos para o público. E então explodiram os aplausos. Aplausos longuíssimos e libertadores, não só para mim, mas para todo o público, que, finalmente, entendeu a fundo a importância daquele momento… Os aplausos irromperam [novamente], irrefreáveis, quando [o papa] disse: ‘Vocês são os nosso irmãos amados e, de certa forma, pode-se dizer, os nossos irmãos maiores’”.