A teologia diz que Deus é onisciente, isto é, que sabe tudo. Por isso cresceu em nós a certeza de que tudo o que fazemos, tudo o que acontece no nosso mundo não é segredo para Deus, mas está dentro do seu conhecimento.

Um texto bíblico que poderia confirmar esse aspecto divino é, sem dúvidas o Salmo 139, que começa assim:

Javé, tu me sondas e me conheces.
Tu conheces o meu sentar e o meu levantar, de longe penetras o meu pensamento.
Examinas o meu andar e o meu deitar, meus caminhos todos são familiares a ti.
A palavra ainda não me chegou à língua, e tu, Javé, a conheces inteira.
Tu me envolves por detrás e pela frente, e sobre mim colocas a tua mão.
É um saber maravilhoso que me ultrapassa, é alto demais: não posso atingi-lo!

 

O que Deus sabe de nós?

O conhecimento de Deus sobre nós não tem a mesma natureza humana. Mas, para nós, é inevitável comparar o conhecimento divino com o nosso. É por isso que resulta lógico pensar que Deus se lembra de um fato que nos aconteceu há 10 anos; não podemos escapar desse modo de pensar. Todavia devíamos aproveitar essa sua pergunta para dar um pulo na nossa compreensão de Deus. Tomemos uma característica muito humana para propor uma explicação sobre o conhecimento divino. Quando duas pessoas são muito ligadas, gêmeas por exemplo – ou também mãe e filho, é normal dizer que um sabe tudo do outro, que não existem segredos entre eles. E há, inclusive, quem fale de telepatia, de uma sintonia tão grande que em momentos delicados a distância ou a ausência não interfere na comunicação de sentimentos entre eles. Talvez o conhecimento de Deus sobre nós poderia ser interpretado nessa linha.

Somos criaturas divinas e Deus sabe tudo de nós: sabe o que faremos, sabe como nos comportaremos, sabe o que nos faz felizes e o que nos leva à condenação.

 

As circunstâncias do saber divino

Outro texto importante sobre a onisciência divina se encontra em Mateus 6, quando Jesus ensina como rezar e ensina o Pai-Nosso aos discípulos:

"Quando vocês rezarem, não usem muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa do seu palavreado. Não sejam como eles, pois o Pai de vocês sabe do que é que vocês precisam, ainda antes que vocês façam o pedido."

Deus nos conhece muito bem e sabe, desde sempre e para smpere, o que fazemos e do que precisamos. Deus não precisa da nossa oração, mas é algo que serve para nós, para que não esquecemos que só em Deus o nosso coração encontra a vida plena e a própria realização.

Esse texto nos faz pensar que Deus tem conhecimento e essa é uma prerrogativa divina, que de Deus herdamos. Porém há algo que nos faz aprofundar esse tema, que é a circunstância do conhecimento divino.

Tomamos, por exemplo, o fato acontecido há 10 anos. O conhecimento divino não é uma lembrança, pois para Deus não existe ontem e amanhã, mas o agora. Deus vive com a pessoa aquele momento, sempre, enquanto ele acontece. Não é algo passado, mas presente.

Outro aspecto é como Deus o vive. Pensemos, por exemplo, que há 10 anos alguém cometeu um homicídio. É claro que Deus se lembra dele, pois o sangue do inocente grita a Deus. Mas Deus não o vive apenas da perspectiva da vítima; o vive também com o pecador, que ele ama. Portanto, o conhecimento de um fato não é um juízo, mas uma experiência de amor. Se é um pecado, o amor espera sempre uma conversão e não se caracteriza simplesmente pelo juízo negativo.


Concluindo, Deus sabe tudo de nós; conhece-nos bem. Mas o seu conhecimento não é em vista do juízo, da condenação, mas deriva do fato que somos sua criatura e com o criador somos intimamente ligados.