Essa pergunta acomuna muitas pessoas. Preferiríamos que tudo fosse bem, sumo bem, como o paraíso que imaginamos. Ao invés, todos os dias nos depararmos com situações catastróficas, com pessoas más, com a morte. Por que Deus permite isso? Por que ele não intervém, não faz cessar todo mal?

Escrevo essas linhas simplesmente por que hoje li uma passagem bíblica que é emblemática e deixa tudo muito claro. Sem comentar – porque desnecessário, deixo aqui o texto que é tirado do Livro da Sabedoria (1,12-115; 2,23-24):

12 Não procurem a morte, desviando a própria vida de vocês, nem provoquem a ruína com as obras que vocês praticam, 13 pois Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos seres vivos. 14 Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo são sadias: nelas não há veneno de morte, nem o mundo dos mortos reina sobre a terra, 15 porque a justiça é imortal. ( Sim, Deus criou o homem para ser incorruptível e o fez à imagem da sua própria natureza. Mas, pela inveja do diabo, entrou no mundo a morte, que é experimentada por aqueles que pertencem a ele.

 

Livro da Sabedoria é bíblico?

Essa pergunta pode vir espontânea para todo os protestantes e evangélicos, pois tal livro não consta no próprio elenco da sua bíblia, enquanto que para os católicos e outras igrejas ele faz parte dos livros sapienciais.

Como já explicado em outras ocasiões, é um livro dito deuterocanônico, tendo entrado no cânon da Bíblica só mais tarde. Os cristãos do tempo de Cristo o usavam como um livro inspirado e assim também muitos judeus, principalmente aqueles da diáspora do tempo de Cristo, pois fazia parte da Bíblia dos Setenta, a versão grega da Bíblia Hebraica. Essa versão se tornou aquela usada pelos cristãos, no início do cristianismo, enquanto que os judeus, a partir dos anos 80 depois de Cristo, escolheram de tirar da própria lista todos aqueles livros que foram escritos originalmente em grego, como é o caso do Livro da Sabedoria – e outros 6 livros.

Até o tempo de Lutero, esses 7 livros circulavam normalmente como inspirados nas bíblias dos cristãos. Com a Reforma, questionou-se a autoridade deles e Lutero finalmente os colocou no final do seu Antigo Testamento, considerando-os não inspirados, embora fossem “úteis e bons para a leitura”.