Abraão demonstou sua fé levando até às últimas consequências sua fidelidade a Deus. O gesto emblemático dessa obediência radical à vontade de Deus é representado pelo assim chamado "Sacrifício de Isaac", que conhecemos através de Gênesis 22. O cerne dessa história é resumido nos dois primeiros versículos do capítulo:

Deus pôs Abraão à prova, e lhe disse: «Abraão, Abraão!» Ele respondeu: «Estou aqui». Deus disse: «Tome seu filho, o seu único filho Isaac, a quem você ama, vá à terra de Moriá e ofereça-o aí em holocausto, sobre uma montanha que eu vou lhe mostrar».

Lendo a história, saberemos que esse sacrifício não se fará. Mas o que fica é a disposição de Abraão em relação a Deus e isso demonstra o quanto ele aprofundou a própria fé desde o primeiro encontro com Deus, contado em Gênesis 12,1-3; aprendeu a abondanar-se totalmente àquele que sempre cumpre suas promessas. A promessa de uma geração numerosa se realiza através do filho, da descendência. Quando esse filho já é grande, é o momento de uma prova suprema, sacrificar o "filho da promessa".

No final, no lugar do filho é sacrificado um cordeiro e Isaac continua vivo. Mas Abraão muda, vendo o filho de uma outra maneira. um detalhe em Gênesis 22,19 nos dá uma informação importante: "Abraão voltou a seus servos". Ou seja, Abraão voltou sem Isaac. Isso significa que agora o pai vê o filho de maneira diferente. O evento do Monte Moria colocou uma distância entre os dois, separando-os, dinstinguindo-os. Daquele momento em diante o filho pode se tornar pai, patriarca. E Abraão se reconhece filho de Deus e que pode por a esperança somente nEle.

Por tudo isso, a fé de Abraão é louvada:

Pela fé, Abraão, submetido à prova, ofereceu Isaac; e justamente ele, que havia recebido as promessas, ofereceu seu único filho, do qual fora dito: «Em Isaac você terá uma descendência que levará o nome de você mesmo.» De fato, Abraão pensava que Deus é capaz de ressuscitar os mortos. Por isso, Abraão recuperou o seu filho. E isso se tornou um símbolo (Hebreus 11,17-19).