Em síntese, a diferença entre as duas tradições está no fato que os protestantes normalmente terminam a oração com a frase “pois teu é o Reino, o poder e a glória para sermpre”, que se acrescenta ao final da oração segundo os católicos: e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.

 

De onde vem a diferença?

Essa é uma oração ensinada por Cristo aos apóstolos. Temos duas passagens bíblicas que falam delas: Mateus 6,9-13 e Lucas 11,2-4. A forma literal da tradicional oração é aquela segundo mateus; Lucas é mais breve. Tanto católicos quanto protestantes usam a versão de Mateus.

A diferença, portanto não vem da escolha de um ou do outro evangelho, mas tem outra razão.

A última frase, conforme o costume protestante (pois teu é o Reino, o poder e a glória para sermpre) normalmente não aparece nas versões católicas da Bíblia. A Bíblia de Jerusalém, por exemplo, a cita na nota. Nas versões evangélicas modernas aparece entre parêntesis (NTLH).

A nota nas bíblias católicas e os parênteses nas evangélicas têm uma mesma razão de ser: é provável que essa frase não tenha saído da pena do autor, mas é um acréscimo ao texto feito bem cedo, não muito depois do primeiro século.

Esse problema é revelado pela crítica textual. Os manuscritos mais importantes do texto de Mateus não têm essa frase, mas outros sim. Esses outros, graças aos critérios científicos que ajudam a estabelecer a autoridade de um manuscrito em relação a outros, têm menos autoridade e os acréscimos que trazem são julgados como não conforme aos originais.

Além disso, essa frase é completamente ausente nos manuscritos que trasmitiram o texto de Lucas. Visto que Mateus e Lucas provavelmente têm a mesma fonte, se fosse original em Mateus, de qualquer maneira poderia aparecer também em Lucas.

Apesar de ser um acréscimo, ninguém erra ao rezar o Pai Nosso dessa maneira, pois certas áreas da Igreja há muito tempo tem rezado assim essa oração. E, em relação à oração, nunca é demais louvar a Deus, principalmente considerando que a frase traduz uma verdade teológica.