Esse versículo precisa ser inserido dentro do contesto que engloba Mateus 24,36-44, onde são mostradas quatro situações da Bíblia e do cotidiano que chamam a atenção para a necessidade da vigilância contínua. Esses versículos, por sua vez, precisam ser lidos dentro de um contexto ainda maior, que é aquele do discurso escatológico, que compreende todo o capítulo 24. Escatologia tem a ver com "as coisas últimas", com a inauguração de uma nova era. Mateus toma um fato que acontece no período em que ele escreve, longe do tempo de Cristo, há quase 50 anos da morte de Jesus, isto é, a destruição de Jerusalém, do templo, por mãos dos romanos. Esse evento marca o fim de uma época e serve como elemento para Lucas catalizar os ensinamentos de Jesus em relação à vigilância em vista da Parusia, isto é, a 'presença' do Filho do Homem. Tudo isso culminará no grande julgamento escatológico, contado no capítulo seguinte, em 25,31-46. A ruína de Jerusalém, portanto, marca o fim de uma era e inaugura uma nova história.

O seu versículo menciona um dos 3 casos citados para pedir que se esteja atento: o primeiro é o fato bíblico do dilúvio, que chega de improviso, e "leva a todos" e depois continua com os versículos 40 e 41:

40. E estarão dois homens no campo: um será tomado e o outro deixado.
41. Estarão duas mulheres moendo no moinho: uma será tomada e a outra deixada.

Os dois homens estão trabalhando no campo; são iguais e nada os distingue. O mesmo com as duas mulheres. Um será tomado (παραλαμβανεται - presente indicando certeza do acontecimento) e o outro "é deixado"  (ἀφίεται). A outra palavra que você menciona na pergunta provavelmente é 'agro' que é traduzida como "campo".

toten
 τότεv
Então
esontai
 ἔσονται 
acontecerá
dyo
 δύο 
dois

en
 ἐν 
em

 τῷ 
o
agrō
 ἀγρῷ 
campo
heis
 εἷ ς
um
 
paralambanetai
 παραλαμβάνεται 
será tomado
kai
 καὶ 
e
heis
 εἷς 
um
phietai
 ἀφίεται 
é deixado

O sentido da frase não é bem claro. Os dois personagens estão trabalhando e acontece algo que os separa. Não se sabe bem se é um bem para o homem que é levado ou algo negativo. Na guerra, com os romanos, acontecia que a um levavam como prisioneiro e a outro deixavam, sem nenhum motivo aparente. Poderia significar também a passagem do anjo (a morte), que chama a um e o outro deixa. Não se sabe se um fica para ser julgado e o outro é levado para o Reino, ou o contrário. Não é possível saber!

Os dois episódios fazem parte da vida normal e servem para sublinhar que, quando Deus vem, as pessoas não devem estar esperando, rezando sentados, mas atuando na sua vida cotidiana. É durante esse tempo que serão surpreendidos pela vinda do Senhor. Deus passa quando menos se espera. A segunda vinda não é só aquela definitiva, da nossa morte, mas é também o encontro que acontece no nosso dia a dia, com o próximo, com quem convivemos, que representa o Senhor.

A admoestação de Mateus, que ressoa também em Marcos 13,32-37, pretende dizer para nós que não podemos ficar fazendo cálculos sobre a vinda do Senhor, sobre o tempo em que se darão as coisas anunciadas. Nada pode afastar a comunidade da lida diária, dos compromissos com a vontade de Deus.

Para alargar a interpretação, podemos lembrar Paulo que escreve aos Tessalonicenses dizendo que o Dia do Senhor vem como um ladrão de noite: "quando disserem, paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores sobre a mulher grávida; e não poderão escapar" (1Tessalonicenses 5,3).