Trabalhos do Curso de Especialização Estudos Bíblicos da Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC), sob a orientação da Professora Silvia Togneri.

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Pesquisa sobre a cidade de Azoto

Azoto ou Ashdod como é conhecida atualmente, existe desde a Idade do Bronze e do Ferro passando por uma longa história até os dias de hoje como uma cidade moderna. Ashdod é uma cidade industrial na planície costeira de Israel, às margens do mar Mediterrâneo. Distante 40 km de Tel Aviv e a 25 Km do norte de Gaza, é o maior porto do país sendo responsável por 60% das mercadorias importadas. Por ali passam em torno de 160 mil turistas e de lá saem em torno de 180 mil navios por ano. A indústria da cidade se destaca na produção de fibras sintéticas, fios de lã e malhas. É a quinta maior cidade de Israel.

O sítio onde está a cidade moderna possui 22 estratos que evidenciam vestígios arqueológicos que remontam o século XVII a.C. Na Bíblia consta que Azoto era Anakim ("gigantes"). Os achados comprovam que tal localidade já pertenceu aos assírios e os egípcios. Também foi capital de distrito grego servindo como uma fortaleza. Ela foi escavada por arqueólogos em 9 temporadas, entre 1962 e 1972. Os trabalhos dos primeiros anos foram liderados por David Noel Freedman do Pittsburgh Theological Seminary e Dothan Moshe. As escavações restantes foram dirigidas por Dothan e Autoridade das Antiguidades de Israel.

Os assentamentos humanos começaram na era Paleolítica. Azoto é mencionada em documentos ugaríticos, na língua dos antigos cananeus. No final do século XIII AC os Povos do Mar a conquistaram e destruíram a cidade. Até o início do século XII AC, os filisteus, conhecidamente como tendo sido um dos Povos do Mar, governaram a cidade. Durante seu reinado, a cidade prosperou e foi parte da Pentápolis dos Filisteus, que incluía Ashkelon, Ekron, Gath e Gaza, além de Azoto.

Em 950 AC Azoto foi destruída durante sob a conquista do Faraó Siamun na região. A cidade não foi reconstruída pelo menos até 815 a.C. O que se sabe é que por volta de 715 AC, foi conquistada por Sargão II, que destruiu a cidade e seus habitantes foram exilados. Os habitantes judeus de Azoto foram reassentados após sua tentativa frustrada de rebelião contra o domínio assírio. Os registros indicam que 27.290 judeus foram forçados a se estabelecer em Ecbátana (Hamadan) e Susã no Sudoeste da Pérsia. Asdûdu liderou a revolta dos filisteus, judeus, edomitas, moabitas contra a Assíria após a expulsão do rei Akhimeti, a quem tinha instalado Sargon em lugar de seu irmão Azuri. Gate (Gimtu) pertenciam ao reino de Azoto naquela época.

Um general assírio chamado Tartan ganhou o controle de Azoto, em 711 a.C., e forçou o "usurpador" Yamani a fugir. Mitinti era rei no tempo de Senaqueribe, e Akhimilki no reinado de Esarhaddon. Psamtik I do Egito é relatado por ter assediado o Azoto por 29 anos (Heródoto, ii 157.); As referências bíblicas para o restante dos dias de Azoto (Jeremias 25,20 cf. Sofonias 2,4) são interpretados como uma alusão a este evento.

A cidade absorveu outro golpe em 605 AC, quando Nabucodonosor a conquistou. Em 539 a.C. a cidade foi reconstruída pelos persas, mas foi conquistada nas guerras de Alexandre o Grande, da Macedônia. (Neemias 13,23) Segundo a Bíblia, durante o século X a.C. Azoto tornou-se, juntamente com todo o reino da Filisteia uma área incluída no Reino de Israel sob o controle do rei Davi. A Reivindicação de Judá sobre Azoto é mencionado no livro de Josué (Josué 15,46).

No Livro de Samuel Azoto é mencionada (I Samuel 6,17), entre as principais cidades dos filisteus. Depois de capturar a Arca da Aliança das mãos dos israelitas, os filisteus a levaram para a Cidade de Azoto, onde foi colocada no templo de Dagon. A estátua de Dagon, na manhã seguinte foi encontrada prostrada diante dele; restaurada em seu lugar, na manhã seguinte novamente foi encontrada prostrada e quebrada. O povo de Azoto foi ferido com tumores e uma praga de ratos foi enviada sobre a terra (1 Samuel 6,5)

No Livro de Neemias relata que alguns moradores de Jerusalém haviam se casado com mulheres de Azoto, e metade das crianças dessas uniões teriam sido incapazes de entender ou falar o hebraico corretamente. (Neemias 13,23-24)

No Livro de Isaías, um assírio chamado Tartan foi enviado por Sargão, conquistando o controle de Azoto, em 711 AC. (Isaías 20,1) A recaptura da cidade pelo rei Uzias, logo após em 815 a.C. é mencionado no texto do Livro das Crônicas (2 Crônicas 26,6) e no Livro de Zacarias (Zacarias 9,6), falando sobre os falsos judeus. O livro de Atos refere-se a Azoto como o lugar para o qual Filipe, o evangelista andou após a conversão do eunuco etíope (Atos 8,40).

A cidade prosperou como Αzoto sob o domínio helenístico, até a Revolta dos Hasmoneus, ou Macabeus. Durante a rebelião, Judas Macabeu chegou aos seus portões, mas não conseguiu conquistá-la. Ele deixou a tarefa para seu irmão Jonathan, que a conquistou em 147 a.C. e destruiu o templo de Dagon. De acordo com Josephus (Antiguidades dos Judeus 13:15, volume 4), Alexander Jannaeus a possuiu. Pompeu restaurou a sua independência reconstruindo suas muralhas, ela pertenceu ao domínio de Herodes e Salomé (Antiquities... 17:18, volume 9), e Vespasiano teve que tomá-la mais tarde pela força.

Apesar da sua localização a quatro milhas (6 km) da costa, ambos Ptolomeu e Josephus a descreveram como uma cidade marítima. Esta descrição curiosa pode se referir ao controle de Azoto de um porto da costa, uma ponta separada, chamada de Porto de Azoto Paraliyus, ou seja, Azoto Marítima (Antiquities 13:15, volume 4). Proeminência da cidade continuou até o século sete, quando uma cidadela foi construída em Paraliyus Azoto como um baluarte contra a marinha bizantina. O oeste da região é arborizado e há vestígios do antigo porto Kal'at Al Mina que ainda pode ser visto.

Azoto ficou sob domínio muçulmano no século VII. O geógrafo Ibn Khordadbeh refere a ela como "Azdud", e descreveu-a como uma estação de correios entre al-Ramla e Gaza. O Fatimids estabeleceu uma fortaleza na praia e uma vila na povoação de Ashdod.

Por fim a cidade caiu nas mãos dos romanos. Mas ao que tudo indica desde os tempos gregos a cidade abrigava importante comunidade judia, comprava essa fato a descoberta de uma sinagoga a "Ashdod-on-the-Sea, com uma inscrição Greco-judaica dá mais uma prova de uma comunidade judaica no século VI d. C." O primeiro assentamento moderno israelense foi construído em 1957.

Podemos encontrar o nome da cidade Azoto 31 vezes na bíblia:

  • Josué: 11, 22; 13, 3; 15, 46; 15, 47
  • I Samuel: 5, 1; 5, 3; 5, 5; 5, 6; 5, 7; 5, 8;  6, 17
  • II Crônicas: 26, 6.
  • Neemias: 4, 1; 13, 24
  • Judite: 2, 28;
  • I Macabeus: 4, 15; 5, 68; 10, 77; 10, 78; 10, 83; 10, 84; 11, 4; 14, 34; 16, 10;
  • Isaías: 20, 1
  • Jeremias: 25, 20
  • Amós: 1, 8; 3, 9
  • Sofonias: 2, 4
  • Zacarias: 9, 6
  • Atos dos Apóstolos: 8, 40

 

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