Esse tema talvez deve a sua fama ao segundo cântico da Divina Comédia de Dante. Mesmo assim ele estava presente em textos muito mais antigos, como no Pastor de Erma onde se diz que, depois da morte, antes de entrar no Paraíso, é necessário passar por um período de purificação. Basicamente essa é a doutrina, tipicamente católica, inerente a este estado em que se encontra a alma após a morte. Portanto se trataria de um período de expiação, de purificação.

Os defensores da teologia inerente ao purgatório encontram referência em 2Macabeus 12,44 (texto presente somente na Bíblia católica): um sacrifício é oferecido em prol de alguns falecidos, para que seus pecados fossem perdoados... Citam também 1Coríntios 3,11-15.

A doutrina inerente a este tema foi cunhada durante alguns concílios na Idade Média. Ela afirma que as pessoas que morreram na graça de Deus, que não eram completamente puras, deviam passar por um período de purificação antes de entrar na glória, antes de contemplar Deus face a face.

Embora algumas afirmações recentes do Magistério da Igreja que relativizam essa teologia, encontramos tal idéia claramente presente no Catequismo da igreja católica nos números 1030 – 1032. Transcrevo abaixo o que diz o texto do Vaticano, de 1997.

 

1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu.
 
1031. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório sobretudo nos concílios de Florença (622) e de Trento (623). A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escritura (624) fala dum fogo purificador:
 
«Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfémia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há-de vir» (625).
 
1032. Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos:
 
«Socorramo-los e façamos comemoração deles. Se os filhos de Job foram purificados pelo sacrifício do seu pai (627) por que duvidar de que as nossas oferendas pelos defuntos lhes levam alguma consolação? [...] Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer por eles as nossas orações» (628).