Em primeiro lugar queremos dizer que existe uma continuidade entre Antigo e Novo Testamento. Não podemos considerar o Novo testamento como algo isolado, sem relação com a historia anterior.

Lembramos que quando Jesus foi a Nazaré, entrou na Sinagoga e lhe deram o rolo do profeta Isaias para ler; quando ele terminou a leitura ele disse: “Hoje se cumpriu esta Palavra da Escritura que acabastes de ouvir" (Lc 4,21). Ele mesmo diz no Evangelho de Mateus: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir mas para cumprir” (Mt 5,15).

A Igreja, desde os tempos mais remotos, sempre considerou a Bíblia como um  todo. Nada deve ser retirado que que aí se encontra escrito. Mesmo o novo testamento dá testemunho da importância da Palavra: “A Escritura tem poder de comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé no Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça”.  (2Tm 3,15-16) Portanto, é um livro que deve ser estudado, meditado, lido e vivido.

O melhor texto que já encontrei a este respeito do valor da tradição Bíblica para nós cristãos é este que estou colocando a seguir.

‘A Igreja de Cristo reconhece que as primícias de sua fé e de sua eleição se encontram, segundo o mistério divino da salvação, nos Patriarcas, em Moisés, e nos Profetas. Ela confessa que todos os fiéis do Cristo, filhos de Abraão segundo a fé, estão incluídos na vocação deste Patriarca e que a salvação da Igreja está misteriosamente prefigurada na saída do Povo Eleito da terra da servidão. É por isso que a Igreja não pode se esquecer de que ela recebeu a revelação do Antigo Testamento através deste Povo com o qual Deus, na sua indizível misericórdia, se dignou estabelecer a antiga Aliança, e que ela se alimenta da raiz da oliveira mansa na qual foram enxertados os ramos da oliveira silvestre que são os gentios.

A Igreja acredita, com efeito, que o Cristo, nossa paz, reconciliou, sobre sua cruz, os Judeus e os Gentios e que, em si mesmo, fez dos dois um só povo.

Fundado no fato de tão grande patrimônio espiritual comum a Cristãos e Judeus, o Concílio quer encorajar e recomendar entre eles o conhecimento e a estima mútuos que nascerão, sobretudo, dos estudos bíblicos e teológicos, assim como de um diálogo fraterno’ (Vaticano Segundo, ‘Religiões não cristãs’, nº 4).