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Frei Bernardo entrega-nos o seu testemunho de teólogo e exegeta sobre este livro. Não persegue os caminhos da perspetiva histórico-crítica dos exegetas dos séculos XIX e XX, nem a perspetiva teológica dos teólogos da alegoria, desde os Padres da Igreja até ao século XVIII, mas a perspetiva narrativa do texto como tal. O texto é uma narrativa que, no seu todo, é senhor de si mesmo e do seu significado. Não precisa das "muletas" da crítica histórica para se definir como tal. Quando muito, precisa de ser compreendido no seu contexto literário de revelação bíblica a partir do AT. É desta maneira que o Frei Bernardo Corrêa d'Almeida nos inicia neste mundo de Deus e dos homens. Antes dele, muitos outros o procuraram fazer. Mas há algo de "novo" nesta investigação do nosso autor. A narrativa evangélica é um grande "puzzle" literário que, através dos Sinais que lhe são próprios, manifesta a relação Pai-Filho-Paráclito a concitar a fé livre, aberta e dramática dos homens. Tudo e todos são convocados para esta revelação final sobre
Deus e, agora, proclamada aos seus filhos - a humanidade ("Deus, de facto, tanto amou o mundo, que deu o seu Filho Unigénito, para que todo o que acredita nele não pereça, mas tenha a vida eterna"; 3,16). O "novo" da investigação consiste na estrutura literária da obra, desdobrada em revelação contínua, sempre em aumento e igual a si própria. A partir do Logos encarnado (1,14), o homem vive a sua plenitude de VIDA na descoberta desta "nova face" de Deus. A lei da profecia do AT realizada nesta "nova face" de Deus é evidenciada, passo a passo, pelo autor, com quadros bíblicos significativos do AT, da literatura rabínica, de Flávio Josefo e de historiadores gregos e romanos.
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O autor não persegue a exegese de muitos biblistas atuais, entre os quais me incluo, que partem da realidade da singularidade das comunidades joânicas. Substitui este dado histórico pelo "nós" narrativo do texto. É um bom princípio.»
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Joaquim Carreira das Neves, OFM