Jesus de fato marca a história da humanidade de modo pontual. Não foi tanto com suas colocações de sabedoria uma vez que estas em sua grande maioria podem ser encontradas nos profetas que o precederam como também em textos da tradição falada dos judeus ou ainda em grandes pensadores de outras localidades do planeta como: Lao Tsé, Buda, Confúcio, Hermes, Platão, Sócrates etc. O que faz dele uma referência ímpar é a sua divindade; ele é o verbo encarnado, o amor em ação.

 

Ele é Deus que se faz homem para nos mostrar na prática; no dia-a-dia, como é o modo correto de agir. Quando mencionava o que nós hoje chamamos de antigo testamento, dizia claramente: “Não creiais que vim abolir a Lei e os profetas; vim cumprir”. Sempre apontava para que não se fizesse uma interpretação legalista ou fundamentalista das escrituras sagradas, como de fato a faziam os fariseus, com acréscimos de pequenas regras que as amordaçavam fugindo assim de sua real finalidade.

 

Jesus buscava voltar às origens, aos mandamentos do Sinai, à herança espiritual transmitida pelos profetas. Ele transfere ao interpretar a Torá o centro do processo hermenêutico do viés cultual para o moral-espiritual. Ele aprofunda e maximiza a questão do amor a qualquer pessoa independente da pertença a família sanguínea ou da fé. Ele rompe com qualquer barreira humana a plenitude do ágape. É dele que devemos ser seguidores. É nele e somente nele, que acharemos a fonte de pureza em abundância.

 

 Ele inaugura o distanciamento de práticas farisaicas que eram obedecidas de modo a aprisionar o ser humano a adornos legalistas ou ritualistas como a questão da pureza de alimentos, a dureza da prescrição da ausência de ação no sábado, a questão de lavar as mãos e se direciona ao que é de fato importante: a misericórdia e o amor em profundidade.

 

Ele mostrou que os antigos preceitos que endureciam a vida dos judeus perto da boa nova não tinham mais importância. Ele é fonte de água viva. “Não se despeja vinho novo em odres velhos.” Se tornou necessário naquela época e é necessário hodiernamente, nos afastarmos dos preceitos humanos, da rigidez do legalismo e só assim, poderemos vivenciar na prática a experiência de ser cristão de direito e de fato uma vez que foi para isso que ele deu a vida por nós. Jesus diz um sim à vida aqui e já. Quem diz que é preciso ser triste para ser cristão não compreendeu uma vírgula dos evangelhos e talvez esteja seguindo outro senhor. 

 

Devemos seguir com fidelidade a Jesus e observarmos o exemplo de seus imitadores e intérpretes famosos que conseguiram esta fidelidade como Santo Antônio, São Francisco, São Paulo, Santa Clara e tantos outros. Dentro do Novo Testamento, temos o seu epicentro nas Cartas Paulinas,  e acima de tudo, nos evangelhos que contém a palavra de Jesus expressa de modo claro e preciso contendo o amor como carro chefe do cristianismo.

 

 Nosso Mestre é Jesus, o filho do Deus vivo, e faz mister lembrar, que nossas cartilhas de conduta principais são e devem sempre ser os evangelhos. Como disse o sacerdote russo Aleksandr Mien:

“Os evangelhos romperam com todas as barreiras que desde sempre dividiam os homens. Aos que respeitavam os ritos da antiga lei, aos que nem conheciam, aos judeus, aos estrangeiros, aos homens, às mulheres, o anúncio de Jesus abriu a todos o caminho para o Reino dos Céus, onde o fato de pertencer à determinada nação, classe social, sexo ou idade, não passa de secundário.”