Normalmente, quando falamos de templo relacionado com o povo hebraico, entendemos sempre o Templo de Jerusalém. Todavia, em todo o território da Palestina, no início, não era o único templo. Precisamos considerar a presença de santuários em Ghilgal, Silo, Mispa de Benjamim, Gabaão, Ofra, Dan, além de Jerusalém. 

 

Começamos com Silo.

A história de Samuel é anterior, ou contemporânea, aos reis de Israel. Foi ele que ungiu os dois primeiros, Saul e Davi. O primeiro templo de Jerusalém foi contruído por Salomão, o terceiro rei. Portanto, quando Samuel vivia não existia nenhum templo em Jerusalém. É por isso que Samuel não é apresentado nesse templo, mas no templo de Silo. Esta cidadezinha fica na região da Samaria e nela, na época dos Juízes, residia a Arca da Aliança. Esse santuário foi destruído provavelmente pelos filisteus (veja Jeremias 7,12; 26,6.9; Salmos 78,60).

 

Como dissemos, Salomão construiu o primeiro templo, em Jerusalém. Davi tinha desejado contrui-lo, mas por causa dos seus pecados, Deus não lhe permitiu. Teria sido contruído por volta do ano 1000 antes de Cristo. A história da sua contrução pode ser lida em 1Reis, a partir do capítulo 5 até o capítulo 10.

Esse templo foi completamente destruído cerca de 500 anos mais tarde, por Nabucodonossor II, em 586, época em que a Babilônica conquistou definitivamente o reino de Judá e exiliou o povo hebreu.

 

O segundo templo foi contruído quando os judeus voltaram do exílio na Babilônia, entre os anos 530 e 510 antes de Cristo. Esse segundo templo provavelmente não tinha o esplendor do Templo de Salomão. Por isso passou por diferente modificações: primeiro foi restaurado no tempo dos Macabeus e finalmente foi ampliada de forma espetacular por Herodes, que sistemou completamente o monte do Templo. Essa grande reforma começou no ano 19 antes de Cristo e só ficou pronta em 64 depois de Cristo. É por isso que as vezes se ouve falar de Templo de Herodes.

Quandos os romanos conquistaram Jerusalém, destruiram o segundo templo, em 70 depois de Cristo. E nunca mais foi construído. Hoje existe apenas o "Muro Ocidental", que é uma barreira que segurava a esplanada do templo. Esse muro é chamado de "muro das lamentações".

 

Em relação a esse tema, é importante mencionar a questão do Templo dos Samaritanos, sobretudo porque normalmente temos em mente o texto de João, que conta a presença de Jesus entre os samaritanos (João 4). Na conversa de jesus com a Samaritana, num certo momento ela diz: "Nossos pais adoraram nesta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar." Jesus lhe responde: vem a hora em que nem nesta montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai..." (João 4,20-21).

Essa conversa tem como contexto o Templo construído pelos samaritanos sobre o Monte Garizim. A tradição dizia que tinha sido ali que Abraão estava para sacrificar o seu filho Isaac. Quando os Samaritanos se separaram dos Judeus, construíram nesse local o próprio templo. Isso aconteceu no período de Alexandre Magno, cerca de 300 anos antes de Cristo. Esse templo foi destruído por João Hircano, um pouco mais de 100 anos antes de Cristo. Apesar disso até hoje os poucos samaritanos existentes consideram aquele um lugar sagrado.

 

Se quiser ler algo muito interessante, aconselho o clássico livro do francês Roland de Vaux, "As Instituições de Israel no Antigo Testamento". Há uma sessão dedicada às "Instituições religiosas", onde é apresentada a história dos santuários de Israel (veja Edições Vida Nova).