O único evangelho que fala desses personagens é Mateus, no capítulo 2. Ele os chama simplesmente de Magos: não diz que eram 3 e nem que eram “reis”. Apenas 5 séculos mais tarde nasceu a tradição dos “três” e inclusive se deram a eles nomes: Melquior, Baltasar e Gastar. Isso é dito pelo Evangelho Apócrifo Armênio da Infância de Cristo (veja aqui).

Essas pessoas mencionadas por Mateus provavelmente eram indivíduos que buscavam a verdade e se apoiavam especialmente na astrologia. De fato, Mateus fala que eles foram guiados por uma “estrela”, que mais tarde, na Idade Média, se torna um cometa. Os ‘magos’ foram consultar o rei de Jerusalém, que por sua vez, desconfiado, interregou seus expertos. Esses conheciam a profecia de Miqueias, que em 5,1 diz que de “Belém-Éfrata” virá “aquele que governará Israel”. Tendo sabido que o lugar era Belém, Herodes mandou os magos para aquela cidade, pedindo-lhes que referissem a ele o lugar exato onde encontrar o menino, para que “também ele pudesse adorá-lo”. Guiados pela estrela, os magos chegaram a Belém, que fica a cerca de 10 quilômetros de Jerusalém. Tendo encontrado o Menino, ofereceram-lhe, como presente, ouro, incenso e mirra. Foram avisados por Deus, em sonho, para não dizer nada a Herodes e voltaram para suas terras por uma outra estrada. Tendo descoberto o engano, o rei Herodes mandou matar todas as crianças de Belém que tivessem menos de 2 anos.

 

Os presentes dos magos

Desde os primórdios, os cristãos tentaram explicar o significado do ouro, incenso e mirra, que os Magos deram de presente ao Menino Jesus (Mateus 2,11). Na verdade, eram três elementos comumente usados para presentear e honrar um rei ou divindade no mundo antigo: o ouro é o metal precioso por excelência e simboliza a potência do rei; O incenso é um perfume que se queima, sendo usado durante as celebrações rituais e venerações religiosas e está intimamente ligado à divindade; A mirra vem de uma planta medicinal que, misturada com óleo, era usada para fins medicinais, cosméticos e religiosos e para embalsamar os corpos, representando, de maneira genérica, o óleo da unção.

Esses mesmos três itens são mencionados em inscrições antigas que dizem que o Rei Seleuco II Calínico, imperador do Império Selêucida, reinando de 246 a 226 a.C., ofereceu ao deus Apolo no templo de Mileto, em 243 antes de Cristo.

Outra menção aparece em Isaías 60,6, onde se descreve a gloriosa restauração de Jerusalém e se diz que os reis das nações virão e trarão ouro e incenso e proclamarão os louvores do Senhor.

Mas o simbolismo desses três presentes ganha uma força especial aplicados ao próprio Jesus, onde o outro representa o seu ser rei do universo, o incenso o seu ser sacerdote e a mirra prefigura sua morte e embalsamento.