Não existem na Bíblia passagens que mostram que as mulheres tinham esses cargos como também não existem passagens que apresentam os homens como padres ao estilo de hoje. De fato, esses cargos têm muito a ver com o desenvolvimento sucessivo das comunidades e entraram na nossa linguagem, especialmente em relação às mulheres, apenas em tempos modernos.

O grande desafio que tem o leitor e leitora da Bíblia é conseguir discernir o contexto em que a Bíblia foi escrita e não ler o texto exclusivamente com os "óculos" de hoje. Se insistirmos com uma perspectiva muito radical, não encontraremos na Bíblia respostas para aquilo que procuramos. Todavia, se abrimos o nosso horizonte, perceberemos que a Bíblia fundamenta a nossa vida de maneira impressionante, também para elementos que passaram a existir somente com o tempo, muitos séculos depois que ela foi escrita.

Retomando a sua pergunta, é impossível encontrar uma prática difundida do protagonismo da mulher em tempos bíblicos. A sociedade de então era centrada na figura masculina e havia pouco espaço para elas, exceto para mulheres extraordinárias que se impunham e superavam a própria época histórica. Raras exceções são encontradas na Bíblia, tais como Débora, comparada aos juízes, Ana, a mãe de Samuel, Rute e Maria, mãe de Jesus.

Em Jesus vemos uma abertura que não é comum para aquela época (Jesus e a Samaritana, Jesus e a Madalena, etc). Ele deu muito espaço às mulheres e isso é muito bem sublinhando pelos evangelhos, onde a Madalena aparece como a primeira testemunha do evento central do cristianismo, que é a ressurreição. Igualmente na igreja nascente as mulheres, às vezes, foram protagonistas: lídia, Dorcas, Prisila, Lóide e Eunice. Embora seja bastante discutido o que tal título significasse, em Romanos 16,1-2, quando saúda os romanos, Paulo menciona uma "diaconisa":

Recomendo a vocês nossa irmã Febe, diaconisa da igreja de Cencréia. Recebam-na no Senhor, como convém a cristãos. Deem a ela toda a ajuda que precisar, pois ela tem ajudado muita gente e a mim também.

Essa atitude de base, especialmente o exemplo de Cristo deve nos inspirar e fazer com que os homens, que são predominantes no papel de liderança das igrejas, abram espaço para as mulheres, não só inserindo-as em ambientes de serviço, mas naquele da condução das comunidades.