O Egito é muito presente na Bíblia. Aparece principalmente no Antigo Testamento, mas também no Novo, principalmente com a Fuga da Sagrada Família.

Lembramos aqui, de maneira genérica, a presença desse país nas Sagradas Escrituras. Obviamente, sendo uma região que faz fronteira com Israel, ele influenciou grandemente os acontecimentos no relato bíblico. Uma conclusão sobre o papel desse país na história da salvação derivará da leitura das referências bíblicas.

 

Egito no Antigo Testamento

O primeiro contato foi quando Abraão foi para lá (Gênesis 12,10-13); seu servo Agar também era egípcio (veja Gênesis 16,1.3; 21,9.21; 25,12.18). José, como conta Gênesis 37, foi vendido pelos irmãos e terminou no Egito (Gênesis 37,25-28,36; 39,1; Atos 7,9-10). E então toda a família de Jacó, tendo o filho conquistado a simpatia dos governantes, se transferiu para aquele país (Gênesis 46,1-8; Atos 7,11-15). Seus descendentes, os israelitas, tornaram-se escravos dos egípcios (Êxodo 1,8-14; Atos 7,17-19), e Moisés os libertou dessa situação (Êxodo 12,37-42; 14; Atos 7,20-40; Hebreus 11,23-29).

A libertação do povo do Egito, através de Moisés, é fundamental na relação entre Deus e seu povo, e os escritores bíblicos frequentemente se referiam ao êxodo para lembrar os israelitas os fundamentos de uma vida ética (Êxodo 22,21; Levíticos 11,45; Deuteronômio 5,15), e o modelo de salvação oferecido pelo Senhor (Jeremias 16,14-15; Oseias 2,15; Miqueias 7,15).

No período dos primeiros reis, especialmente no tempo de Salomão, havia paz e comércio entre os dois países (1Reis 3,1; 9,16; 10,28-29; 2Cr 1,16-17), mas se os inimigos do rei se refugiaram ali (1Reis 11,17-18,40). Depois da divisão dos reinos, aquele de Judá frequentemente lutou contra o Egito (1Reis 14,25; 2Reis 23,29,34), mas outras vezes os dois foram aliados (2Reis 17,4; 18,21,24). É verdade que os profetas admoestaram aos judeus para não confiarem nos egípcios (Isaías 30,1-7; 31,1-3; Jeremias 2,18). Depois que Babilônia conquistou a cidade de Jerusalém, mesmo contra o parecer de Jeremias (Jeremias 42,7-22; 43,7), alguns sobreviventes fugiram para o Egito (2Reis 25,26).

Nos livros poéticos e proféticos, há profecias contra o Egito: Isaías 19,1-17; 20,1-3; Jeremias 46; Ezequiel 29-32; Joel 3,19. Mas se diz também que o Egito viria adorar o Senhor em Jerusalém (Salmos 68,31; 87,4; Isaías 19,18-25).

No período dos Macabeus, próximo ao Novo Testamento, Daniel profetizou os eventos no Egito (Daniel 11,8,42-43), e nos livros dos Macabeus o país frequentemente aparece.

 

No Novo Testamento

O Egito é, como dissemos, o lugar de fuga da família de Jesus, que foi um antítipo do Êxodo de Moisés com o povo (Mateus 2,13-15.19). Havia também judeus do Egito durante a vinda do Espírito Santo, em Pentecostes (Atos 2,10). Conforme se deduz de Atos 21,38, um egípcio foi a causa de uma rebelião na Palestina por volta do ano 50 depois de Cristo. Em Apocalipse 11,8 o Egito é um símbolo espiritual do mundo mau.

 

Geografia do Egito na Bíblia

O país, no Norte da África, a sudeste de Israel, hoje tem deserto em 96% do seu território e nessa zona mora somente 1% de toda a população da nação. Normalmente, no passado – e também na Bíblia, o Egito era essencialmente entendido como as zonas férteis próximas ao rio Nilo, que é o rio do Egito (Gênesis 15,18; Amós 8,8; 9,5). Há também um riacho do Egito, que é uma torrente no deserto de Sinai (que enche quando chove), que fica a 145 quilômetros ao leste do Egito. O riacho era a fronteira ideal entre Israel e Egito(Números 34,5; Josué 15,4,47; 1Reis 8,65; 2Reis 24,7; Judite 1,6; Isaías 27,12), que no período de Salomão Israel alcançou esta confim (1Reis 4,21; 2Crônicas 7,8).

 

Um juízo sobre o Egito

Uma eventual reflexão deriva da leitura dos dados mencionados acima. O Egito pode acolher, ser hospitaleiro, mas também ser hostil, escravizar; pode ajudar, graças a alianças políticas, mas também pode ser um inimigo a ser combatido. É sempre um ponto de partida, um lugar provisório no qual Deus age, atuando o seu plano de salvação. Como toda nação da terra, não é excluído do projeto divino, pois é presente na igreja nascente.