Os judeus, hoje, 2 de dezembro, começam a celebrar a Hanukkah (dita Chanucá em português), uma festa que dura 8 dias, que recorda a rededicação do Templo há cerca de 160 anos antes de Cristo. Caracteriza-se pelo acendimento noturno da menorá, o candelabro de 9 braços (8 mais um). Cada noite se acende uma das velas, usando aquela central para acender as demais, até que no final da festa todas as velas sejam acendidas.

 

Recordação histórica

Festa das Luzes - ChanucáEssa festa recorda o período dos Macabeus, judeus que contrastaram os reis daquela época, principalmente Antíoco Epifanes IV, que pertencia à dinastia dos Selêucidas. Os governantes gregos daquele tempo, que dominavam a Terra Santa, implementaram uma política de helenização da Palestina, instaurando costumes típicos da Grécia em Jerusalém. Muitos judeus aderiram a essa mudança de atitude, que não era só questão social, mas afetava também a vida religiosa. Por exemplo, muitos judeus deixaram de ser circuncisos ou até chegavam inclusive a fazer operações plásticas para restabelecer seus prepúcios, renegando assim a aliança sagrada com o Senhor. Antíoco exigiu que o povo renunciasse a seus costumes e impediu aos judeus de fazerem holocaustos e que não respeitassem o Sábado. Chegou ao culmine de construir sobre o altar do Templo a assim dita “abominação da desolação”, provavelmente um altar dedicado a Baal-Shamem ou a Zeus Olímpico. Também ordenou que fossem queimadas as Torás. Quem não obedecesse era condenado à morte.

Embora vários judeus se adequaram às normas gregas, um grupo permaneceu fiel à Aliança com Deus, observando os preceitos divinos. Esse grupo foi liderado em uma guerra santa pelo sacerdote Matatias e seus filhos (João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas). Será principalmente Judas Macabeu que do ano 166 até 160 antes de Cristo vai liderar a batalha contra a helenização dos judeus, que culmina na purificação do Templo, evento que se recorda na festa celebrada hoje.

“Celebraram a consagração do altar durante oito dias, oferecendo alegremente holocaustos com sacrifícios de comunhão e ação de graças. Enfeitaram a fachada do Templo com coroas douradas e escudos. Consagraram os portais e os aposentos, onde colocaram portas. A alegria do povo foi muito grande. Assim estava cancelada a afronta imposta pelos pagãos. Judas, com seus irmãos e toda a assembleia de Israel, determinou que se comemorasse anualmente a nova consagração do altar, com festas solenes durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu.”

 

Aonde a Bíblia conta essa história?

Esse é um evento ligado à história do povo judeu, que aconteceu há dois séculos antes do nascimento de Cristo, exatamente entre os anos 170 e 160 antes de Cristo. A arrogância de Antíoco Epifanes e a resistência de um grupo de judeus é descrita nos livros de Macabeus, livros 1 e 2. O texto acima que descreve a festa da rededicação do Templo se encontra em 1Macabeus 4,56-59 (leia aqui 1Mc 4).

Esse livro não aparece na Bíblia Hebraica porque foi escrito em grego. Logo depois de Cristo, os judeus decidiram que livros que não fossem escritos originalmente em hebraico não podiam ser considerados inspirados e não podiam ser incluídos na “lista” (cânon) dos livros bíblicos. Por isso esses dois livros ficaram fora da lista. Também Lutero, 1.500 anos mais tarde, decidiu aceitar a conclusão dos judeus e não incluiu esses livros em sua Bíblia. Para os católicos, ao invés, esses livros são considerados inspirados e constam no elenco de livros bíblicos.