Temos 4 evangelhhos e todos contam sobre Jesus. Os três primeiros (Mateus, Marcos e Lucas) são colocados dentro de uma mesma denominação, são chamados sinóticos, pois têm muitos elementos em comum. O quarto evangelho, aquele de João, invés, é bem diferente, traz elementos únicos. É provável que os evangelhos sinóticos tenham tomado fontes comuns, visto que somente Mateus era apóstolo e conheceu a Jesus.

Muitas vezes se pergunta por que 4 evangelhos. Não bastaria um? A resposta a essa pergunta encontra a resposta que queria dar a sua colocação. Nos quatro evantelhos, embora muitos eventos sejam repetidos, cada um é contado a partir de uma perspectiva diferente. Cada evangelista tem uma preocupação particular. Poderíamos dizer que João é bastante teológico, Marcos parece um catequista e Mateus mostra como Jesus era o messias prometido pelos profetas. Lucas, do seu lado, mostra um rosto muito humano de Cristo.

Sabemos que Lucas era um médico. É provável que isso lhe tenha ajudado a sublinhar aspectos da humanidade de Jesus. Uma dos elementos mais evidentes dessa humanidade é o lado misericordioso apresentado por Lucas. Lembramos, especialmente, das parábolas da misericórdia do capítulo 15, sobretudo aquela do Filho Pródigo, que só ele conta. Junto come esse capítulo, citamos também todo o início do evangelho, os detalhes da infância de Cristo. Além disso, não esqueçamos dos tantos milagres feitos em prol de pessoas rejeitadas pela sociedade. Você mesmo pode ler o evangelho e destacar os elementos humanos que transparecem no texto lucano.

É importante sublinhar que o fato que tal ênfase não apareça nos outros evangelhos não signifique que Lucas está inventando. É somente uma questão de acento. Quando falo de uma pessoa, posso frisar um aspecto, sem negar a existência de outros. Essa é a riqueza de termos 4 evangelhos, cada um com perspectivas diferentes, que nos permitem ter uma visão mais ampla de Cristo.