A resposta a essas perguntas são bem complexas. Ela faz sentido e, em si, revela a estrada comprida que conduziu até nós a Palavra de Deus. A Bíblia é uma verdadeira biblioteca, com 73 (ou 66) livros. É como se tivemos uma estante em casa e nela se encontrasse esses vários volumes. E não só isso; trata-se de obras antigas, de ao menos 2 mil anos de existência. É uma biblioteca preciosa! Não só pela antiguidade, mas também pelo valor espiritual que tem: é o fundamento religioso de duas religiões, o judaísmo e o cristianismo. É por isso que dela precisamos cuidar com muito carinho e manusear com atenção, com delicadeza.

 

Formação

Como os volumes de uma biblioteca, cada livro bíblico tem uma história. Quando foram escritos não existia a preocupação de sublinhar o autor verdadeiro, mas era mais importante dar autoridade ao escrito. Por isso, de muitos livros não sabemos quem é o autor. Mesmo aqueles que são atribuídos a certos personagens, é provável que é uma atribuição fictícia ou, mais provavelmente, obra de discípulos daquele personagem mensionado.

Muitos livros têm uma formação de vários séculos. Os livros do pentateuco, por exemplo, têm em sua base histórias antigas, escritas e transmitidas oralmente. Essas tradições literárias circulavam nos lugarejos e entre as diversas tribos de maneira isolada, independentes umas das outras. Bem mais tarde, provavelmente por volta do Século V, um redator reuniu essas várias histórias e compôs os livros que temos hoje. É por isso que poderíamos dizer que os primeiros livros da Bíblia têm vários autores, pois é o resultado de uma história literária complexa.

Muitos livros do Antigo Testamento têm essa mesma trajetória. Para os livros do Novo Testamento, mais recentes, existe maior facilidade em encontrar os autores, normalmente ligados aos apóstolos ou pertencentes à primeira comunidade Cristã. Mas mesmo assim, também nesse caso há várias dificuldades. Várias cartas, que há algum tempo eram atribuídas a Paulo, hoje em dia não são mais consideradas assim, como a Carta aos Hebreus, entre outras. Também o último livro, embora atribuído ao apóstolo João, pode ter sido escrito por algum de seus discípulos.

 

Catalogação e encadernação

São dois termos modernos e dificilmente conciliáveis com a tragetória antiga do texto sagrado. Poderíamos interpretar como catalogação o fato de os livros terem sido divididos em setores, em sessões: livros históricos, proféticos, sapienciais, evangelhos, cartas, etc. (veja aqui sobre a divisão da Bíblia). É uma divisão que apareceu somente mais tarde. No início os livros circulavam independentes. Cada livro era um rótulo. Mais tarde foram colocados juntos alguns, como os 5 primeiros livros da Bíblia. Depois formou-se a coleção dos profetas. É provável que durante algum tempo, por exemplo, circulavam juntos os dois livros de Lucas, o Evangelho e Atos dos Apóstolos. Há várias listas, com algumas diferenças, do elenco dos livros bíblicos. Até hoje a ordem dos livros da Bíblia Hebraica, dos judeus, não coincide com aquela dos cristãos. Para os judeus, os livros históricos (Josué até 2 Reis) são livros proféticos, por exemplo.

Em relação à encadernação, somente um pouco antes do descobrimento do Brasil a Bíblia foi produzida de maneira que a conhecemos hoje, com a invenção da imprensa por Gutenberg. Até esse momento ela era copiada sobre vários materiais: papiro, pele, cerâmica, bronze, etc. Primeiro, como dissemos, haviam os rótulos. Depois apareceram os códices e finalmente o livro como o conhecemos.

 

Números de capítulos e versículos

Poucos se dão conta que os números que encontramos em nossas edições não vem dos autores, mas apareceram muito tarde, relativamente há pouco tempo. Por volta do ano 1200 foi feita a divisão em capítulos e só 300 anos mais tarde apareceram os versículos (veja detalhes aqui).

 

Ilustrações

São muito famosas as ilustrações que acompanham algumas versões da Bíblia. Obviamente nenhuma delas é original, mas servem apenas para acompanhar o texto. Por exemplo, são famosas, e encontramos em muitas edições, os desenhos de Gustav Doré. Mas as mais clássicas são as miniaturas clássicas que eram pintadas nas margens dos manuscritos antigos, chamados de "miniati". Eram decorações que tornavam os manuscritos muito bonitos.