Jesus foi um judeu praticante. O cristianismo nasceu como consequência da Boa Nova trazida por Cristo, implementada pela primeira comunidade, por seus discípulos. Os primeiros cristãos foram os discípulos de Jesus, embora fossem também judeus praticantes (Atos 5,38).

O sacrifício de Jesus na cruz criou uma comunidade em íntima comunhão com ele. Essa comunidade recebeu como missão propagar a Boa Notícia vivida por Cristo. Os apóstolos tinham consciência dessa tarefa e queriam que essa missão se perpetuasse no tempo e por isso nasceu a igreja.

 

Um pouco de história

Existe uma ideia, que deriva principalmente da literatura apócrifa, mas também de uma perspectiva judaica, que Jesus tenha sido o primeiro cristão convertido. Essa ênfase se explica pela necessidade dos grupos de afirmar a própria identidade.

Todavia, essa lógica foi interrompida a partir do espírito que produziu anos de diálogo interreligioso. Em 1985 o Vaticano fez um documento "Sobre uma correta apresentação dos Judeus e do Judaísmo na Pregação e na Catequese da Igreja Católica" no qual se afirma que "Jesus é judeu e o é para sempre".

A necessidade de sublinhar essa afirmação veio do fato que na história Jesus, como já insinuamos, foi "desjudeuzado", "greguisado", europeizado e até desmo tirado da história. É preciso retornar às raízes, afirmando o que Cristo de verdade foi: um judeu.

 

Judeus e cristãos

Lutero certa vez assim escreveu: "acredito com firma fé que a comunidade dos judeus, na linha da renovação do judaísmo, reconhecerá Jesus, não apenas como uma grande figura da sua história religiosa, mas também no contexto de um desenvolvimento que se realiza durante os milênios, cujo objetivo final é a redenção de Israel e do mundo".

Por outro lado, li outro dia uma autora italiana (Lea Sestieri), muito envolvida com o diálogo interreligioso, afirmar: "Acredito que nós judeus não reconheceremos nunca Jesus como o messias, pois isso contradiria o significado mais profundo da nossa espera messiânica. Mostramos, com o corpo insanguentado do nosso povo o aspecto não redimido do mundo. Para nós não existe o problema Jesus, mas somente aquele de Deus."

Acredito que a atitude cristã não deva mais ser aquela do proselitismo, de acreditar que temos que "cristianizar" os judeus. Precisamos descobrir nossas raízes e reconhecer a identidade judaica de Cristo, deixando que os judeus sigam sua estrada, fazendo o próprio percurso, em contínuo diálogo.