No início do cristianismo, a base para a propagação da fé cristã foi o mundo judeu. No judaísmo do tempo de Cristo e dos primeiros discípulos haviam dois grupos de judeus, um autóctone, que vivia na Palestina e falava aramaico, e outro que vivia fora da Palestina e falava grego. Os "helenistas" eram esse segundo grupo. Eram vistos com certo preconceito pelos judeus da Palestina, pois deles se dizia que não eram praticantes assíduos de todos os preceitos tidos muito importantes principalmente pelos fariseus.

Poderíamos dizer, por exemplo, que Paulo pertencia a esse grupo, embora ele fosse um fariseu. Todavia é natural de Tarso, fora da Palestina. Paulo, nas suas viagens, se dirigia principalmente aos judeus que viviam das cidades por ond passavam; são os judeus da diáspora.

Graças aos "helenistas" o cristianismo se propagou e saiu da esfera de Jerusalém. Atos dos Apóstolos quer exatamente mostrar isso: como a mensagem de Cristo sai da Palestina e chega até os confins da terra, que naquela época era Roma.

Além do conflito provocado pelo anúncio a esses dois grupos, que é um conflito dentro do próprio judaísmo, havia, no cristianismo primitivo, um conflito ligado ao anúncio aos pagãos, àqueles que não eram judeus, como os romanos, por exemplo. Paulo defendia essa tese e os apóstolos ofereciam uma certa resistência, ao menos até o momento da "conversão" de Pedro, como contado por Lucas a partir de Atos 10, com o encontro do apóstolo com o centurião romano em Cesareia. Depois, no primeiro concílio, aquele de Jerusalém (Atos 15), os apóstolos decidiram que também aos pagãos a mensagem de Cristo devia ser anunciada.