Essas poucas linhas têm o objetivo de esclarecer o termo “igreja” e a sua presença nos textos bíblicos. De fato, já nos interrogamos de onde vem essa palavra, que faz parte constante das nossas conversas?

O latim é a base linguística mais substanciosa de onde provêm tantos termos que usamos. O texto bíblico normalmente usado, até há pouco tempo, provinha substancialmente de antigos textos latinos chamados Vetus Latina e Vulgata, a última escrita por Jerônimo. E esses dois textos vêm da chamada Setenta, versão grega do Antigo Testamento feita diretamente do hebraico, entre os III e I século antes de Cristo, pelos judeus que moravam em Alexandria, no Egito. Voltando ao temo “Igreja”, sabemos que vem da palavra latina “ecclesia”, que por sua vez foi tomado do grego “ekklesia”, que na Grécia da época clássica era o termo usado para descrever a reunião do povo (ek + kaleo = chamar à reunião).

A primeira referência de um sentido religioso para o termo se encontra na Bíblia dos Setenta, exatamente em Deuteronômio, em diversas passagens quando Moisés relembra o dia no qual Deus ordenou convocar o povo em assembleia, aos pés do Monte Sinai oara dar a Lei. Ekklesia passa então a indicar o povo reunido diante de Deus para estabelecer a Aliança, tendo nesse momento o sentido religioso de “assembleia de Deus”.

Mais tarde contexto grego o termo passa do sentido semântico de simples “reunião” ao sentido de “lugar” onde as reuniões se realizavam. O ponto central dessa passagem pode ser visto em Mateus 16,18 (“sobre essa pedra construirei a minha igreja”), onde “ekklesia” ainda não significa o lugar físico das reuniões, mas é evidentemente ligado ao conceito de construir, graças ao verbo grego usado “oikodomeo”. As palavras de Mateus são proféticas preanunciado que a igreja que Cristo quer edificar é a Nova Jerusalém, o verdadeiro templo de Deus no meio da humanidade.

Quando os cristãos, na história, começam a ter uma certa independência no exercício do próprio culto. Já no segundo século eles podem se reunir, ainda nas casas das pessoas, mas não mais ocasionalmente, mas em lugares fixos de encontro, mesmo se ainda não de forma oficial. Dessa forma, aquelas que eram simples casas (domus) se tornam casas igrejas (domus ecclesiae), a casa da assembleia, a casa da oração comunitária. É nesse momento que acontece a passagem de