Este é um tema que pode ser visto na perspectiva do Dízimo, do qual temos falado bastante aqui no site (veja as respostas sobre esse tema). Em breves palavras, o dízimo é uma oferta através da qual se reconhece a graça recebida de Deus. Essa oferta, nos primórdios, era dedicada a Deus, muitas vezes queimando-a, como no caso dos holocaustos e outros sacrifícios. Com o tempo se transformou em uma forma de solidariedade para com as pessoas que não haviam terra, como eram os levitas, descendentes de uma das 12 tribos de Israel. Depois se tornou também uma oferta para viúvas e crianças desamparadas e, mais tarde, ajudou a manter o templo.

Como já frizado em outras ocasiões, o dízimo, nos dias de hoje, precisa ser redimensionado. Primeiro de tudo temos (ou deveríamos ter) o estado que se encarrega do bem-estar social e, portanto, nem sempre é a igreja a cuidar das crianças e viúvas (e outras pessoas pobres). Resta a manutenção da igreja, enquanto edifício e estrutura que gasta. Mas, nesse caso, o importante é fazer uma gestão transparente dos gastos em modo tal que a comunidade contribua com o necessário, nem menos nem mais, para que a comunidade consiga suprir as suas necessidades materiais.

Eu vejo que a ideia de reconhecer a graça dada por Deus através de um gesto concreto, que se traduz principalmente na ajuda aos mais pobres, é algo muito cristão e louvável. Julgo ser muito bíblico a atitude de igrejas que promovem a solidariedade, acolhem os pobres e fazem isso com a contribuição financeira recebida pelos fieis. Por outro lado, taxar cada um, sem saber, a priori, onde será utilizado o dinheiro não é digno e nem justo. Sobretudo se existe a suspeita que o dinheiro sirva para enriquecer alguns em detrimento da pobreza de outros. E ainda, às vezes, tudo é camuflado com a desculpa de ser uma oferta para Deus.