Realmente Salomão, apesar do dom da sabedoria, que pediu ao Senhor (1Reis 3,9), e de ter sido o construtor do Templo, tem seu reino julgado como negativo pelo autor sagrado, sobretudo por que casou-se com inúmeras mulheres estrangeiras, as quais permitiu que adorassem seus deuses em Jerusalém, construindo inclusive templos para eles (veja 1Reis 11). Contudo Salomão é sempre um dos 3 reis de Israel, escolhido por Deus através do profeta Natã. 2Samuel 12,24, a respeito de Salomão, diz, literalmente: Iahweh o amou.

O caso do rei Salomão pode servir como parâmetro para a reflexão sobre a questão que você põe, que é sempre muito pertinente na meditação de cada cristão. A discussão poderia ser longa, mas, do meu ponto de vista, bastaria ressaltar dois aspectos.

1. Deus não tolera o pecado, mas ama, mesmo assim, o pecador. Isso é claro, por exemplo, na parábola do filho pródigo, contada por Lucas (capítulo 15). Deus está sempre de braços abertos, esperando que o filho pecador volte à casa; Ele é Deus misericordioso, paciente na ira e cheio de amor (Salmos 103,8), porque ele conhece nossa estrutura, ele se lembra do pó que nós somos (Salmos 103,14).

2. Apesar de saber que somos fracos, Deus tem sempre esperança na nossa escolha. �? um modo antropomórfico de falar de Deus. Mas uso esses termos para mostrar que Deus não tem definido o nosso destino. Deu-nos a liberdade da escolha e, com sua graça, podemos optar, livremente, por fazer sua vontade ou nos afastar dele. A nossa vida não está definida por Deus. Ele nos chama todo dia e, se não respondemos, espera que no dia seguinte o façamos. Ele tem muita confiança na sua criatura!