Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos – SOUC – 2013

“O que Deus exige de nós?” (Mq 6,6-8).

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano de 2013 será celebrada de 12 a 19 de maio, com o tema: “O que Deus exige de nós” a partir do que encontramos em Mq 6,6-8. O material desta Semana de Oração foi todo preparado pelo Movimento de Estudantes Cristãos da Índia com a consultoria da Universidade Católica de Toda a  Índia e do Conselho Nacional de Igrejas da Índia. A partir desse subsídio, o  Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – CONIC, também preparou o material a ser usado nas celebrações nessa Semana de Oração.

Nesta SOUC/2013, sob a inspiração de Mq 6,6-8, somos todos convidados a refletir sobre a pergunta: “O que Deus exige de nós?” e dar a ela uma resposta efetiva. O profeta Miquéias nos esclarece sobre como devemos nos apresentar diante de Deus. Em seu tempo, parece que não havia uma clareza sobre como as pessoas do seu povo deveriam se apresentar perante o Senhor, porque Deus iria abrir um processo contra todo seu povo. Para alguns bastariam os sacrifícios oferecidos ao Senhor e até a oferta do seu primogênito como expiação dos pecados cometidos. Contra essa forma de entender a remissão perante Deus, o profeta é bem claro, porque é a orientação do próprio Deus: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça e ames a misericórdia e andes humildemente com teu Deus” (Mq 6,8).

A situação que dá origem ao processo iniciado por Deus contra seu povo é o desvirtuamento dele em relação ao amor a Deus e aos irmãos e irmãs; o fechamento do coração à causa dos injustiçados e empobrecidos e o caminhar orgulhoso, sem humildade, que demonstravam diante do Senhor. Não conseguiam seguir o pedido de Deus: “Agora, pois, ó Israel, que é o que o Senhor requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que hoje te ordeno, para teu bem?”(Dt 10,12-13). Também devido ao não reconhecimento que algumas das suas atitudes eram a causa das injustiças que afligiam os seus irmãos e irmãs.

Seguindo a orientação em Mq 6,8, Deus declara ao ser humano o que é bom. Aqui cabe a pergunta o que entendemos por “bom”, é o mesmo que Deus nos apresenta? E ainda mais temos procurado viver construindo coisas boas para os nossos semelhantes? O Senhor indica o que é bom e pede que nós o realizemos: “praticar a justiça, amar a misericórdia e andar humildemente com Deus”. É importante ressaltar que Deus nos pede que realizemos o que ele indica porque somos capazes, pois somos criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,27). Semelhança essa que após muito tempo acabou sendo esquecida e até desvirtuada. Nós seres humanos fomos criados para uma vida plena com Deus e com nossos irmãos e irmãs, praticando sempre o que é bom e não para uma vida em que há maior acento para o que não é bom, para a injustiça. Em algumas traduções da Bíblia no v. 8 encontramos no lugar da palavra pedir - exigir: “o que o Senhor exige de ti” (Jerusalém e CNBB), o que confirma a condição do ser humano ser capaz de responder afirmativamente à exigência de Deus, pois temos ontologicamente uma semelhança com Deus e por isso capazes de realizar o que é bom e praticar a justiça. 

São apenas três coisas a serem praticadas diante de Deus e dos nossos irmãos e irmãs: a justiça, a misericórdia e caminhar humildemente com Deus. Nada mais do que isso. Muitas vezes esquecemos de que Deus nos pede poucas e simples ações. Ele não exige de nós muitas e muitas ações. Apenas um pouco é necessário: justiça, misericórdia e caminhar humildemente com Deus. Basta isso. Muitas vezes nos deixamos infundir pelo espírito de grandeza e queremos realizar muitas e muitas coisas e nos desviamos da essência do que o Senhor pede e até exige de nós.

Quando a injustiça se torna maior que a justiça então Deus declara: “Por acaso não consiste nisto o jejum que escolhi: em romper os grilhões da iniquidade, em soltar as ataduras do jugo e pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar todo o jugo?” (Is 58,6). Também Jesus Cristo nos lembra de que o essencial está em: “amar a Deus de todo coração, de toda a alma, com todas as forças, e com todo o entendimento e ao próximo como a si mesmo” (Lc 10,27, cf. Dt 6,5 e Lv 19,18), e por isso que seu primeiro pronunciamento na sinagoga em Nazaré é contra uma situação de injustiça e falta de amor a Deus e aos irmãos e irmãs, quando afirma que com ele a profecia de Isaías se cumpre: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitável do Senhor”.

Nesta SOUC de 2013, somos convidados a aprofundar o significado de: o que é bom, o que é justiça, praticar a justiça, o que é misericórdia, como podemos realmente ser misericordiosos/as, e o que é caminhar humildemente com Deus. Peçamos a Deus que o exemplo de vida de Noé, que foi um homem justo e íntegro entre os seus, seja sempre seguido por todos nós (cf. Gn 6,9). Que saibamos caminhar pelos caminhos que Deus nos indica, com toda a clareza que somos sua criatura e que apenas Ele é o modelo de perfeição que precisamos seguir, porque só Deus é perfeito (cf. Mt 5,48).

Oremos com o Sl 1: “Bem aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1,1-2).

Somos todos convidados a participar em nossas comunidades das celebrações ecumênicas programadas que muito nos ajudarão a cumprir o que Deus exige de nós.