Obviamente Jesus não é filho, literalmente falando, de Davi, que viveu cerca de 1000 anos antes que Cristo nascesse em Belém. Jesus é filho de Maria, concebido por obra do Espírito Santo, como lemos em Lucas 1, 26 seguintes. O título "filho de Davi" é dado a Jesus primeiro de tudo por causa da sua genealogia, isto é, ele é parente de Davi, descende de Davi.
Essa descendência é sublinhada pelo Evangelho de Mateus. O primeiro Evangelho começa exatamente assim: "Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão" (Mateus 1,1).

Mais importante do que essa 'razão' natural, é a razão teológica que existe por trás desse título dado ao Messias. Davi é o rei a quem é feita uma promessa, através de Natã, que perpassa toda a Bíblia: "A tua casa e a tua realeza subsistirão para sempre diante de ti, e o seu trono se estabelecerá para sempre" (2Samuel 7,16). De fato, a genealogia proposta por Mateus no primeiro capítulo do seu Evangelho, está baseada nesta promessa. Foi estruturada em 3 grupos de 14 gerações: de Abraão até Davi, de Salomão até o Exílio em Babilônia e da volta do Exílio até Jesus, em quem se realiza a promessa de um "trono" estabelecido para sempre. É verdade que esse rei, Jesus, é completamente diferente daquele imaginado em base ao modelo de Davi.

O número 14 na genealogia de Mateus ganha valor ainda mais especial se consideramos que as letras hebraicas que compõe o nome de Davi, somadas, dão o valor 14. Desse modo Mateus mostra como Davi, o seu nome e a sua promessa caracterizam a vida desde Abraão até Jesus.