Em Lucas, temos a genealogia de Maria, em contraste com a de Mateus, em que se apresenta a genealogia de José (ver comentário sobre Mt. 1.1-17). A genealogia de Mateus remonta a Davi e a Abraão (revelando o direito legal de Cristo ao trono de Davi, e vinculando-o à aliança abraâmica). Ao dar a linhagem de Maria, Lucas apresenta a genealogia de sangue de Jesus, “que humanamente, nasceu da descendência de Davi” (Rm. 1.3). Em Mateus 1.16, José é chamado filho de Jacó e, em Lucas, de “filho de Eli” (Lucas 3.23), com o que Lucas quer dizer genro de Eli, que como José, era de descendência davídica. Sobre esse costume, ver 1º Samuel 24.16.

Mateus 1.17 - A ascendência real. Afirma-se primeiramente que o rei é “filho de Davi”, da linhagem régia, legítimo herdeiro do trono de Davi, (versículo 1); depois “filho de Abraão”, a semente por quem toda a terra será abençoada. A ordem é importante porque, para os judeus (e esse evangelho é dirigido aos judeus), o Senhor deveria se apresentar primeiramente como rei, e depois como salvador (cf. Jo. 1.11-12). A genealogia (1.17) é seletiva, tendo três divisões de quatorze gerações cada, em que se designa explicitamente somente Davi como rei, (1.6) (cf. 2º Samuel 7.8-16). A genealogia de Mateus revela o direito legal de Jesus ao trono davídico pela linhagem de Salomão e José, sendo este suposto pai de Jesus (Lc. 3,23; 4.22). Se Jesus fosse filho de Maria, e ela não fosse legalmente esposa de José, filho de Salomão, a afirmação da sua realeza teria sido rejeitada imediatamente. A genealogia de Lucas apresenta Jesus como Filho do homem, descendente de Davi por Maria, mas pela casa de Natã (e não Salomão). Como filho virginal de Maria, ele, porém, não tinha direito legal ao trono. Era mister descender de José.