Imagem de Jesus do IV Século, RomaAna, a Igreja Primitiva, aquela do primeiro século, conhecia muito bem a aparência de Jesus. O problema é que nós hoje não sabemos e nem temos condições de vir a saber, pois a Bíblia e outros escritos do cristianismo nascente não deixaram nenhuma descrição do aspecto físico de Cristo. Para nós pode parecer estranho, mas, tendo em vista a mentalidade dos judeus, alheios às representações de imagens, isso é absolutamente normal. Não esqueçamos que os primeiros cristãos eram judeus. Os gregos entraram na igreja só mais tarde, com Paulo, e não conheceram pessoalmente Jesus. Para os judeus, sublinhando, as representações de Deus eram proibidas. Isso se reflete ainda hoje, por exemplo, nas igrejas protestantes. Por isso representar Cristo era absolutamente impensável na mentalidade dos primeiros cristãos judeus e, portanto, não se preocuparam em descrever como era Jesus.

Mais tarde, contudo, essa necessidade veio à tona. Foi então que nasceram as primeiras imagens de Cristo. Mas elas não são históricas, pois estamos falando do terceiro e quarto séculos. Nessa época não tinham mais referências de como era o aspecto físico de Jesus e por isso representavam a sua imagem como, por exemplo, os filósofos ou deuses. Também foram usadas imagens alegóricas para falar de Cristo, como o peixe (em grego, ichthys, é o acrônimo das palavras �??Jesus Cristo Filho de Deus Salvador), o Bom Pastor, com uma ovelha no colo, o Rei, o Mestre.

Os Padres da Igreja falaram do aspecto de Cristo. Justino, por exemplo, defendia que Cristo não podia ter um aspecto bonito. Também Clemente de Alexandria descreve Jesus com um rosto deformado, assim como Eusébio de Cesaréia. Essa visão negativa do aspecto físico de Jesus, fundamentada nas visões de Isaías sobre o Servo de YHWH, era típica dos padres gregos. Os Padres Latinos, invés, dizia que ele era bonito e agradável.

A imagem típica de Jesus, barbudo e com os cabelos cumpridos, aparece por volta do IV século, muito longe da realidade em que ele viveu.