A passagem que Atos dos Apóstolos 2 conta é a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos, depois da morte e ressurreição de Cristo. Lucas narra que um vento enche a casa onde estavam e línguas como de fogo pousaram sobre cada um dos que ali estavam. "E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se esprimirem". 

Por causa do barulho que produziu, muita gente se reuniu e os discípulos começaram a pregar em diversas línguas e todos entendiam a pregação na própria língua. Na passagem não está escrito que a multidão não entendia, mas que "ouviam apregorar em suas própria línguas as maravilha de Deus" (Atos 2,11).

Essa festa é celebrada até hoje, 50 dias depois da Páscoa. Ela aconteceu por ocasião da Festa Judaica de Pentecostes, quando os judeus celebram o dom da Lei. Portanto ela é, ao mesmo tempo, uma festa cristã e judaica, com sentidos diferentes.

 

O milagre de Pentecostes tem ligação com o carisma da glossolalia, que era muito frequente nos primórdios da igreja (veja Atos 10,46; 11,15; 19,6; 1Coríntios 12 - 14. Já no Antigo Testamento, sobretudo em ligação com o antigo profetismo de Israel, era um dom que existia: Números 11,25-29; 1Samuel 10,5-6.10-13; 19,20-24; 1Reis 22,10.

 

Pentecostes e Torre de Babel

A Torre de Babel é a legendária construção mencionada pela Bíblia em Gênesis 11,1-9. A Bíblia conta que até então os homens usavam a mesma língua, formavam um único povo. Mas decidiram constuir uma cidade e uma torre cujo ápice penetrava os céus. Diziam: "Façamo-nos um nome e não sejamos dispersos sobre toda a terra!". Deus, conta a Bíblia, viu nisso o começo das iniciativas humanas, sendo que a partir de então nenhum desígno seria irrealizável para os seres humanos. Por isso Deus decidiu descer e confundir a linguagem dos homens para que não pudessem se entender. E assim aconteceu e pararam de construir a cidade. Deu-se a ela o nome de Babel, pois lá YAHWEH, diz o texto, "confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra e os dispersou sotre toda a face da terra".

 

Pentecostes não tem nenhuma ligação direta com esse conto. Todavia há uma interpretação cristã desse episódio que unem os dois fatos. A consequência da Torre de Babel foi a divisão, evidente na confusão das línguas. Essa divisão é evidentemente sanada com a vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. A partir desse momento não existem mais separações entre os povos, mas todos são unidos sob a graça de Deus.

O triunfo dos eleitos no céu, como conta Apocalipse 7,9 resume essa realidade: uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas estavam diante do Cordeiro.