Em Lc 22,19, é possível encontrar a frase; em 1Cor 11,24 temos uma transcrição semelhante de acordo com a Bíblia de Jerusalém. Esta frase aparentemente simples contém, segundo as linhas teológicas cristãs, uma miríade de significações; foi e continua ser, tema de diversos conflitos de ordem teológica entre Católicos e Protestantes.
Para a Teologia Católica a presença real de Jesus na hóstia que é consagrada pelos Sacerdotes Católicos e permanece consagrada, é fato concreto; para alguns protestantes existe a transubstanciação que permanece apenas durante o momento da consagração e as que não são consumidas, voltam a ser apenas material criado pelo homem; outros, afirmam que seria apenas um memorial e não realizam a ceia sagrada, na grande parte dos seus cultos.
Alguns estudiosos dizem que a ceia sagrada cristã tem semelhança a casos análogos das refeições pagãs antigas. Tal semelhança não tem parâmetros uma vez que o viés adotado nas ceias sagrada cristã está alhures do paganismo com seus vieses de prostituição humana. Trata-se de um sacrifício expiatório, realizado por Jesus na cruz, objetivando sedimentar ad infinitum, as relações com Deus aonde o sangue desempenha o mais importante dos papéis, uma vez que o mesmo contém a vida.
O vocábulo hebraico ZIKKARÔN, da raiz zakar, lembrar-se, tem uma amplitude maior do que a palavra portuguesa memorial. O termo expressa um sinal visível, tangível, de uma realidade invisível, inacessível sendo destarte, presente, portando um significado oculto convidando o povo à meditação sobre o que representa e sua utilização correta no presente. De acordo com o Apóstolo Paulo, o critério de participação na ceia deveria ser a qualidade da relação do fiel com sua comunidade.
Para os Israelitas a anamnese, não é apenas uma simples lembrança, mas um modo de recriação do que é comemorado. Esta pontuação alberga sentido e densidade uma vez que o ato de Jesus traz algo maior do que uma simples refeição que liga seus convidados a redenção. Ele é a realidade redentora permanente de uma páscoa oferecida a todos que nela creem.
A presença de caráter físico do corpo de Jesus no pão consagrado está presente desde os primórdios do Cristianismo e em sua compreensão devemos lembrar que a Eucaristia é composta de duas partes - uma visível, que está dentro dos fenômenos e efeitos sensíveis (tamanho, cor, sabor, massa, resistência, valor nutritivo, etc.), e outra invisível, além dos confins da natureza e dos sentidos - a saber, o Corpo e o Sangue de Cristo; e uma vez que um objeto composto pode ser corretamente chamado por um de seus elementos, ou por ambos.
Encontram-se nos escritos dos Padres como Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Gregório de Nissa, afirmações da fé da presença real; um dos fatores de crítica aos cristãos era justamente a afirmação que eram canibais e comiam a carne do seu Deus. No que toca ao memorial, não se deve restringir a um mero recordar uma vez que porta em seu bojo uma amplitude de significações.
Considerando o contexto da época e para não cairmos no anacronismo, à presença real dentro do pensamento Israelita, é ação que se propaga no tempo e espaço, e está necessariamente vinculada a uma anamnese histórica, inserida em um momento cultual, representado em um contexto cultural sagrado específico. Deve ser realizada em toda celebração, como era de fato o costume que foi mantido pela Igreja Católica na Santa Tradição iniciada por Jesus.
Fazei isto em minha memória
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- 24/01/2012
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