Prezado Eduardo, sei que, por causa da nossa formação, não é simples aceitar, mas a descrição, da criação contada na Bíblia, não é uma narração histórica. É uma narração antiga que tenta interpretar, graças aos instrumentos disponíveis na época do autor e à inspiração divina, como surgiu a vida na terra. Quando a Bíblia fala que Caim conheceu sua mulher (Gênesis 4,17), da qual nasceu Henoc, não significa que na história desse homem existiam somente seus pais. Caim não é histórico, no sentido moderno, mas um símbolo: construtor da primeira cidade, pai dos pastores, dos músicos, dos ferreiros e das prostitutas, expressões da comodidade urbana e, talvez por isso, amaldiçoado.

Entre os exegetas, todos estão concordes em interpretar os primeiros capítulos do livro da Gênesis como elementos mitológicos, usados pelos autores sagrados para explicar, através da própria ótica, como o ser humano e todo o mundo criado vêm de Deus. A verdade da Bíblia está no fato que o ser humano foi criado por Deus. O autor, inspirado pelo Espírito Santo, usou elementos literários a sua disposição, na época, para nos explicar essa verdade. Ele não contou a história dos primeiros seres humanos, 4 pessoas histórias, mas uma história simbólica que mostra como Deus é o senhor da história. A Bíblia não diz quem foram os primeiros seres humanos e nem onde viveram, mas apenas sublinha que eles foram criados por Deus, nasceram pela ação divina e, por isso, são obras das mãos de Deus.

Tendo diante dos olhos esse pano, essa hermeneutica, muitas perguntas sobre incoerências da Bíblia se dissipam. Sublinhamos que não comete erro quem se põe tais interrograções. Mas quem se apoia em elementos da história para respondê-las está correndo por uma estrada errada.

A questão da criação do mundo, os primeiros capítulos do Gênesis, são sempre temas de perguntas. Há várias respostas, no site, que abordam esse assunto.