A expressão seio de Abraão aparece em Lucas 16,22, no contexto da consolação dos justos depois da morte e da intimidade que estes terão com o �??pai Abraão�?�.
O texto é aquele da parábola do rico e do pobre Lázaro e diz: �??Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão.�?� Trata-se de uma expressão judaica que traduz a antiga frase presente no Antigo Testamento �??reunir-se a seus pais�??, ou seja, reunir-se com os patriarcas (veja Juízes 2,10: �??E quando toda aquela geração, por seu turno, se reuniu a seus pais, sucedeu-lhe uma outrar geração que não conhecia a Iahweh nem a obra que le tinha fieto por Israel.�?�). Revela também a realidade da promessa feita aos patriarcas que é transmitida aos verdadeiros filhos de Abraão, �??pai na fé�??, que participarão, com os patriarcas, ao banquete celeste. Em Mateus 8,11 lemos: �??Mas eu vos digo que virão muitos do oriente e do ocidente e se assentarão à mesa no Reino dos Césu, com Abraão, Isaac e Jacó...�?�

A união com Abraão, o estar no seio de Abraão, portanto, pode ser considerado como uma evocação da era messiânica, que a partir de Isaías pode ser visto como um banquete (Isaías 25,6; 55,1-2). Portanto, em prática, �??seio de Abraão�?� significa uma realidade celeste, o céu segundo nossas categorias teológicas e morais.

Para onde vamos depois da morte é um mistério. Não mistério no sentido de coisa escondida, mas mistério como algo compreensível somente no âmbito da fé. Sabemos que temos uma �??moradia�?� preparada para nós e que somos destinados à vida eterna, mas não como isso acontecerá. Graças, também a influências de obras literárias como a Divina Comédia de Dante, pensamos sempre em Céu, inferno e Purgatório, como 3 �??locais�?? para onde iríamos depois da morte. O purgatório é uma categoria teológica católica. O céu reservado aos justos, o inferno àqueles condenados e o purgatório, como se deduz do nome, àqueles que devem purificar-se de seus pecados, mas que não são definitivamente condenados ao inferno. Portanto o purgatório seria um tipo de �??sala de espera�?? para o céu e as pessoas que ali se encontram seriam destinadas ao céu e não ao inferno. Digamos que embora ainda vigente, tal teologia não é mais muito enfatizada. Mesmo por que se depois da morte não existe mais a categoria �??tempo�??, como se pode ficar �??por algum tempo�?? num lugar? De qualquer forma se sublinha que o purgatório não é um lugar e nem uma punição divina, mas sim um dom de Deus que acolhe o pecador que, embora de modo imperfeito, caminhava na graça. Tal idéia é ligada com a tradição da oração pelos mortos, que se baseia sobretudo em 2Macabeus 12,42-45, quando Judas Macabeu e a multidão rezam por soldados mortos lutando pela causa dos judeus, mas que haviam cometido um pecado, para que os seus pecados sejam perdoados.

Várias confissões não concordam com a doutrina da igreja católica, pois retém que a argumentação baseada em 2Macabeus não é válida, visto que é um livro que não faz parte da bíblia dos judeus e, por isso, também não está na bíblia de Lutero.