A parábola do adminstrador infiel nos perturba, pois Jesus fala de um adminstrador incapaz de gerenciar a riqueza do seu patrão. Visto que seria despedido, começou a fazer caridade às custas do patrão, para poder criar amigos. Jesus no final �??louvou o adminstrador desonesto por ter agido com prudência�?�.

Na parábola aparece 7 vezes o vocábulo �??adminstrador�?� ou �??administração�?�, que é, portanto, a palavra chave da passagem e da mensagem que Cristo nos quer deixar. No Antigo Testamento o �??administrador�?� aparece diversas vezes, sobretudo das riquezas das cidades ou dos reinos. Em 1Crônicas 27,31; 28,1 se fala dos administradores do rei Davi e assim também eEster3,9; Daniel 2,49; 6,4 e Tobias 1,22 falam de administradores de reis e príncipes, que cuidam sobretudo de aspectos ligados às posses, ao dinheiro, à riqueza. No Novo Testamento essa dimensão muda, dirigindo-se mais para a esfera do espírito. São Paulo diz: Considerem-nos os homens como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora, o que se requer dos administradores, é que cada um seja fiel (1Coríntios 4,1-2). E Pedro: Todos vós, conforme o dom que cada um recebeu, consagrai-vos ao serviço dos outros, como bons administradores da multiforme graça de Deus (1Pedro 4,10).

A parábola não é um fato histórico, mas uma narração que visa transmitir um ensinamento. Na parábola nem tudo deve ser interpretado, mas o ouvinte é convidado a concentrar o próprio interesse na mensagem, deixando de lado outros aspectos. Portando não importa o fato que o administrador usa, pra o seu proveito, os bens do patrão. Importa prestar atenção na prudência e mudança de comportamento do administrador. Ele, de improsivo, muda de vida, muda as relações com as pessoas, tem outras medidas e outro pensamento; é uma pessoa nova, guiada pela lógica da distribuição. O acúmulo provoca injustiça, falta de harmonia. Quem tem muito olha somente para si mesmo. Invés é necessário ser prudente e começar a distribuir aquilo que nos foi dado, como faz o Pai conosco.

A pergunta sobre moradas eternas faz referência a um texto que não pertence à parábola, mas tem uma mensagem parecida: Eu vos digo: fazei amigos com o dinheiro da iniquidade, a fim de que, no dia em que faltar o dinheiro, estes vos recebam nas tendas eternas (Lucas 16,9). A palavra grega que traduzimos como �??dinheiro�?� é mammona, que aparece somente 4 vezes na Bíblia (nos versículos 9,11 e 13 de Lucas 16 e em Mateus 6,24). �? um vocábulo semítico que corresponde à �??riqueza�?�, �??bens�?� que se converte quase em pesonificação do �??deus-dinheiro�?�.

O objetivo desse texto é orientar os discípulos de Cristo a como comportar-se diante do dinheiro. �? importante sublinhar que o evangelista não usa simplesmente �??dinheiro�?�, mas acrescenta um adjetivo a este termo, ou seja �??iníquo�?�.

Os amigos a serem conquistados, observando todo o contexto de Lucas, são provavelmente os pobres. Invés, as moradas eternas devem ser entendidas como uma meta e são inseridas aqui para distinguir da realidade típica dos filhos deste século (v. 8) e fazer uma ligação com a parábola que seguirá a partir do versículo 19 deste capítulo de Lucas, ou seja o rico e o pobre Lázaro. Lázaro se encontra no �??seio de Abraão�?�, ou seja, na morada eterna.

A mensagem de Lucas é clara: o dinheiro não pode ser usado pelo cristão para provocar inimizades e injustiças, mas pode ser um bem que ajuda a conquistar a vida plena.