A poligamia, da qual a bigamia é uma forma, existe na Bíblia, sobretudo na vida dos personagens antigos. Já no capítulo 4 de Gênesis encontramos Lamec com duas mulheres, Ada e Sela. Outro personagem que teve mais de uma mulher foi Abraão. O Patriarca, embora fosse casado com Sara, teve um filho com Agar, serva egípcia, com o consenso da esposa, da qual nasce Ismael (Gênesis 16). É verdade que neste caso não parece tratar-se exatamente de um caso de poligamia, mas apenas uma tentativa de garantir a descendência, visto que Sara não podia ter filhos.

O caso bíblico mais impressionante acontece com o rei Salomão. Conta 1Reis 11,1-3: “Além da filha de Faraó, o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias (...) Teve setecentas mulheres princesas e trezentas concubinas”. As mulheres de Salomão provavelmente eram conseqüências de alianças políticas, graças as quais o rei de Israel pôde governar e se tornar famoso. O juízo de Deus, porém, não aprova esta atitude do rei. De fato diz: “Já que procedeste assim e não guardaste minha aliança e as prescrições que te dei, vou tirar-te o reino e dá-lo a um de teus servos” (1Reis 11,11).

Paulo, no Novo Testamento, recorda que o bispo deve ser “marido de uma única mulher” (1Timóteo 3,2). Embora o apóstolo provavelmente se refere à castidade, trata-se sempre de um admoestação para nós. No mundo grego e romano a poligamia não foi nunca uma coisa comum e no mundo ocidental, na maioria dos países, é um crime civil. Hoje é praticada no mundo árabe, mas de modo limitado.