Apontamentos a partir dos mitos  de três grandes povos: Egípcios, Cananeus e Babilônicos

 

1 – INTRODUÇÃO

 

Desde as épocas remotas até o período atual, a humanidade sempre se interrogou acerca de sua origem e a do mundo. No decurso da história, ela “lançou mão”, nas diversas culturas, de vários elementos para tentar responder a essa interpelação. Nas eras mais primitivas, utilizou-se de explicações míticas; Em tempos de cristandade aflorada, serviu-se da religiosidade; Com advento da modernidade, optou quase que exclusivamente pelas explicações científicas. Em todas as épocas o fim era sempre o mesmo, isto é, apresentar uma resposta convincente aos anseios da humanidade sobre suas origens.

A especulação  sobre as origens do cosmo para os povos do  Antigo Oriente Próximo, assim como para muitos outros, também era uma indagação perene. Essa questão, evidentemente, não se circunscreve nos moldes interpelativos de nossa mentalidade ocidental-cristã. Para os habitantes do Antigo Oriente a criação era um elemento passível de descrição, contudo o seu ambiente de locução  seria a partir     da   origem dos deuses e não o encadeamento natural dos fenômenos  físicos, como  pensa nossa cultura. Assim, pois um  elemento vital para compreensão  de uma cosmogonia na realidade  do Oriente Próximo é  descrever  como os deuses se originam.

Outro fator estritamente necessário para   a apreensão desse conceito são os elementos antropomórficos alojados no bojo da   cultura do Antigo Oriente próximo. De fato, Eles personificavam suas divindades em realidades humanas. Por esse motivo que   elementos físicos com o sol,  a terra, o vento, o mar, as águas, entre outros,  eram cultuados em  muitos clãs. Como decorrência desses antropomorfismos muitas  práticas eram comuns, tais como: o politeísmo,  o culto a fertilidade e a fecundidade   bem como uma espécie de prostituição sagrada.

Assim, pautado pelas, acima mencionadas, constantes culturais do Antigo Oriente Próximo onde estavam situados  os Egípcios, os Cananeus e os Babilônicos,  este artigo pretende versar sobre  a forma como os eles entediam  a origem do mundo. Será apresentado os  seus principais mitos de criação. Oportunamente se fará uma breve aproximação bíblica(não exegética) e histórica entre esses povos e os  Israelitas com o escopo de contribuir para compreensão de alguns elementos culturais  presentes no universo veterotestamentário. Finalmente se  fará uma aproximação conclusiva entre esses textos e a noção   bíblica de criação.

 

 

2 - O MITO EGÍPCIO

 

Sobre os mitos, de um modo geral, pode-se dizer, assim como Severino Croato, que eles são um “[...] relato de um acontecimento originário em que os deuses atuam”[1]. Sua construção não tem como fulcro a historicidade, contudo sua narrativa não se opõe à História ou à Verdade. Ela visa nutrir com um teor simbólico um acontecimento que precisa desses elementos simbolicos para configurar-se como religioso. Assim, pois, os mitos não se opõem à Verdade, tampouco à História. Antes, eles as contam sob uma outra perspectiva.

No caso particular dos mitos egípcios eles visavam ser para os seus leitores portadores e reveladores de suas divindades. Essas deidades eram os criadores do mundo, do homem, do bem e do mal. Por excelência suas expressões cúlticas e rituais eram vinculadas a fecundidade. Esse fato impregnava toda a religiosidade com uma grande carga de antropomorfismos. Muito desses elementos  foram fulcro de criticas fulminantes  dos Israelitas a essa religiosidade, pois ofendiam a crença no Deus  vivo e verdadeiro. A bem da verdade, esses elementos podem ter, também,  influído na formação da consciência cultural dos Israelitas, uma vez que   entre eles houve um estreito contato.

 

 

2.1 - Israelitas e Egípcios: aproximação Bíblica e Histórica

Biblicamente, confirma-se que os Israelitas travaram contato com a cultura egípcia. Primeiro a passagem de Abrão pelo Egito (cf. Gn 20,1ss). Segundo, a ida de José para esse local (cf.Gn 39, 1ss). Terceiro, a migração de Jacó e toda sua família para as terras onde seu filho, José, trabalhava (cf.Gn 46, 1-7). Quarto,pelos quatrocentos anos (cf.Gn15, 13; Ex 12, 40) de sofrimento e escravidão que os israelitas passaram no deserto. Por fim, a libertação (êxodo) do povo guiado por JHWH e liderado por Moisés e seu irmão (cf. Ex 13, 17-22; Ex 14, 5-14).

Do ponto de vista histórico, seguindo o raciocínio de Jonh Bright[2], é muito impreciso estabelecer uma data exata para a estada dos Israelitas no Egito. Apenas, à luz de alguns traços essa presença pode ser confirmada. Por um lado, os nomes egípcios muito comuns nos primeiros tempos de Israel, por outro lado, a referência de Ex 1, 11 que narra a construção de Píton[3] e Ramasés[4]. Segundo o teórico citado, estas última cidade refere-se a Avaris que foi construído sobre o reinado Setos I e Ramasés II. Esses dois imperadores governaram o Egito no período que compreende, aproximadamente, 1305-1224 a.C. Essa data facultaria afirmar, não em absoluto, que os Israelitas, ou pré- Israelitas, estavam no Egito no final da segunda metade do século XIII e início do século XII a.C. Nas palavras do autor de A História de Israel:

 

Embora não tenhamos certeza absoluta, é plausível que Setos I que inciou a restauração de Avaris, foi o faraó que Deu incio a opressão de Israel, e que RamasésII foi o faraó em cujo o reinado deu-se o exodo[5]

 

Justificado,pois, a proximidade entre o povo Israelita e as tradições egípcias do ponto de vista bíblico e histórico pode-se proceder a exposição acerca de seu mito de criação.

 

 

2.2 - EGITO: A criação  no Mito Heliopolitano e na Teologia Menfita

É consensual para muitos pesquisadores que a compreensão do mito de criação dos egípcios é muito complexa. Três fatores asseguram essa teoria. Seguindo o raciocínio de Simkins[6], o primeiro elemento complicador é a pluralidade de mitos; segundo, o longo processo de acomodação, harmonização e abstração das narrativas; por fim, porque os egípcios não julgavam necessário descrever a criação da natureza em seus pormenores.

Há uma pluralidade de mitos que descrevem a criação do mundo. Os principais são: O Hino de Path, O mito Heliopolitano e A Teologia Menfita. Será abordado na esfera deste artigo apenas  estes dois últimos por apresentarem uma visão  mais  ampla sobre a noção de criação egipicia

Segundo o mito Heliopolitano, a criação iniciou-se na cidade de Heliopólis[7]. Um pequeno Monte emergiu no oceano primordial chamado de Num. Nesse morro o deus solitário identificado com o nome de Atum, masturbou-se e deu origem a um casal, Tenuft e Shu. Este era a divindade masculina associada com o Ar que há entre o céu e a terra, ao passo que aquele era apresentado como princípio feminino responsável pelo orvalho, pela umidade. Essas duas deidades uniram-se e geraram Geb e Nut. O primeiro é considerado como o deus da terra (ou era própria terra) e era identificado como masculino; ao segundo, por sua vez, era veiculada a feminilidade e representava o céu (ou era o próprio céu). Estas duas divindades casaram-se. Atum, o deus solitário, opôs-se a essa união e determinou a Shu que os mantivesse separados. Por isso, durante o dia eles ficavam afastados. Geb na parte inferior e Nut sobre ele, erguida por seu pai Shu. Durante a noite, Shu dormia e as duas divindades coabitavam. Esse fato deu origem aos deuses que completaram a formação do cosmo: Osíris e Seth, machos; Íris e Nephtis, fêmeas.

Esta vertente do mito da criação Egípcio assegura que o mundo foi criado por um ato sexual de um deus. Dessa relação originou-se a eneiade─ assembléia dos nove deuses ─, onde cada divindade representava um elemento constitutivo do cosmo.

No mito da Teologia Menfita[8] o acento recai sobre o poder da palavra criadora. Esse relato mítico faz uma espécie de fusão entre o mito heliopolitano e o Hino de Path[9]. Este mito dissemina a idéia de que Path antecede a todas as divindades, mais ainda:ele as criou. O próprio Atum que no outro relato é considerado o deus criador, é submetido a Path porque precisou de sêmem para gerar os outros deuses. Path, por sua vez, não precisa de nenhum elemento a não ser do poder de sua palavra e do pensamento provindo do seu coração – para cultura egípcia, o centro da vida. Assim, pois, o mundo é criado por Path, por livre desejo de seu coração e de sua vontade. Suas palavras criaram Atum e todas as outras divindades que deram origem ao mundo.

A criação do homem na tradição egípcia é relegada a um plano marginal. Esse povo não tinha interesse em narrar a criação dos homens, mas sim as origens das divindades que estavam associadas à fertilidade e a criação do mundo. Todavia, comumente é atribuído a uma divindade associada a figura do oleiro e chamada de Khnum a responsabilidade de ter criado a humanidade[10].

 

Segundo Siminks, estudioso dos mitos e da antropogêneses egípcia , no Egito antigo Khnum influía diretamente na geração do feto no ventre materno. Sem a sua ajuda nesse processo criador as mulheres não poderiam ter filhos, conseqüentemente estariam fadadas à esterilidade.

Pautado pelas duas perspectivas mitológicas acima apresentadas, alguns pontos conclusivos e relevantes da idéia de criação do mundo para o egípcios podem ser ressaltados: primeiro que a criação egípcia é obra dos deuses, ora pela ação da palavra, ora pelo uso de sêmem; segundo que cada divindade, dentro desse contexto, tem sua função relacionada com um elemento da natureza; terceiro que o processo de geração das divindades que constituem o mundo está vinculada à fertilidade; por fim, que a preocupação desses narradores radicas-se mais em apontar as origens dos deuses que uma descrição minuciosa da criação do mundo.

Assim, tendo conhecido, embora parcialmente, essa concepção acerca da criação da qual pode-se prosseguir elucidando uma outra forma de entender o mistério da origem do mundo no Antigo Oriente, ou seja, o Mito Cananeu.

 

 

3 - O MITO CANANEU

 

A elaboração de mitos para explicar as origens do mundo não é um atributo exclusivo dos egípcios ─ nem poderia ser. Embora eles apresentem um sistema bem elaborado suas limitações são patentes, pois as explicações relegam-se apenas ao seu ambiente de influência cultural e religiosa. Por esse motivo e pelas necessidades humanas de lograr um sentido para suas origens, muitos outros mitos foram elaborados. Inclui-se nesse grupo os cananeus. Excetuando as semelhanças entre egípcios e cananeus, no que diz respeito à religião, suas concepções de criação divergem em muitos pontos.

Descrever a concepção ou o mito de criação dos cananeus justifica-se por três motivos. O primeiro porque foi um povo determinante na formação da mentalidade do Antigo Oriente; o segundo  de ordem bíblica, porque as sagradas escrituras nos provam que os Israelitas tiveram contato com esse povo. Terceiro , porque a história extrabiblica ratifica a veracidade desse fato. Terceiro, porque alguns estudiosos[11] asseguram esse povo foi um dos que mais influenciou a cultura dos “Filhos de Israel”.

 

 

3.1 - O vinculo histórico e bíblico ente o Povo de  Israel e o Povo Cananeu

Do ponto de vista Bíblico comprova-se que os Israelitas tiveram contato com o cananeus. Encontram-se nos texto sagrados menções a esse povo. Uma primeira referência encontra-se no Livro dos Números. Consoante esse texto os Israelitas oriundos do Egito e peregrinos no deserto tentam, fracassadamente, adentrar a Terra de Canaã (cf. Nm 13–14) Uma outra nota a esse respeito encontra-se no livro de Josué. Os nove primeiros capítulos narram a saga do sucessor de Moisés ao conquistar Canaã (cf. Js 1-9)Por fim, Josué atesta ao final de sua vida que parte da terra prometida já havia sido conquistada, porém algumas faixas precisavam ainda ser ocupadas. A ele restava apenas dividir o que já possuíam entre as doze tribos (cf. Js 13, 1-5)

Sob o olhar da história, segundo Roland de Voux[12], o assentamento de Canaã situa-se dentro do contexto geral do Antigo Oriente. Segundo o historiador citado, uma localização, ainda que vaga, do período histórico em que Israel se instalou nessa região seriam os séculos finais do segundo milênio, isto é, aproximadamente entre 1100 a 1000. a.C. Toda uma conjuntura política e social como a crise do Império Egípcio e a ruína do Hitita confluíram para essa ocupação.

Assim, a largos traços, crer-se que a proximidade entre os Israelitas e os cananeus, tanto do ponto de vista histórico como Bíblico, está legitimada. Essa argumentação faculta a possibilidade de prosseguir a pesquisa apresentando o principal Mito de criação dos cananeus.

 

 

3.2 - Criação na perspectiva Cananéia: entre El e Baal

Para  falar sobre os mitos ou sobre a religião Cananéia é forçoso dizer algo de Urgarit. Segundo Fohrer as escavações arqueológicas nessa região são instrumentos corroboradores de muitas especulações sobre a religiosidade do canaanitas. Essa cidade situava-se ao Norte da Síria. Seu auge e destruição radicam-se, respectivamente, nos séculos XV e XII a.C. Além dos documentos civis encontram-se nesse lugar monumentos e templos religiosos; listas de deuses,orações, sacrifícios; por fim, vestígios da literatura religiosa[13].

Essa religião praticada pelos cananeus, assim como a egípcia, possuía um intenso culto à fertilidade[14]. Tinha como fulcro a agricultura conseqüentemente ligava-se ao ciclo da natureza. Suas divindades estavam associadas a fertilidade e exigiam cultos orgíacos dos humanos.

Nessa linha da fertilidade radica-se o principal mito de criação dos cananeus, o mito de Baal. Consoante Simkins[15] para muitos estudiosos esse mito não pode ser entendido como mito de criação. Primeiro porque não é uma descrição específica desse processo; segundo porque os mitos de Urgarit referem-se a uma divindade egípcia denominada El como criador e não Baal. Contudo esse raciocínio, diz o autor de Criador e Criação, é impróprio, pois a criação El é teogônica, ao passo que a de Baal, é cosmogônica[16].

O Mito de Baal, que descreve a criação, é visto sobre os seguintes termos. O panteão é composto de várias divindades. Dentre elas as mais importantes são; El, Deus supremo e criador de todas as coisas; Asherah, consorte de El, é considerada criadora adjunta; Baal, segunda divindade mais importante, é responsável de proteger o mundo físico (Criação); Anat, irmã e esposa de Baal, está associada a fecundidade e à guerra; Yam e Mot são opositores de Baal. O primeiro domina os mares e ataca Baal invadindo as plantações. O segundo, por seu turno, controla a morte e chega a “matar” Baal. Por fim, Dagon e Astarte ambos ligadosà fertilidade.

O mito propriamente dito desenvolve-se, num primeiro plano, em um banquete na casa de El, situada no ponto onde as águas de cima e as de baixo se encontram, no poente. Yam, divindade que domina o mar, desafia o poder de El. Exige que ele o entregue Baal. El não tem outra opção a não ser atender o pedido. Baal luta bravamente contra Yam, vencendo-o. Como fruto dessa vitória Baal saga-se rei e protetor do mundo físico dos humanos. El permanece chefe dos deuses do macrocosmo. Contudo o poder da divindade protetora do mundo físico parece limitado. Mot, divindade da morte, o faz sucumbir. Com a morte de Baal toda natureza emurchece. Anat, no entanto, implora que Mot retire seu marido da montanha da morte. Obtendo uma resposta negativa, Anat executa Mot. O mito finda com o retorno da Baal a vida, sua retomada do poder no mundo físico e o cuidado da Terra.

Conforme já havia sido comentado o mito não faz menção explicita a formação do mundo. Antes ele alude que o mundo foi criado por El e estava sob os cuidados de Baal. Esse ato de Baal pode ser interpretado como força geradora que faz com que os elementos da terra (árvores, pessoas, aves etc) sejam criados. Assim, pois, a criação dos deuses e do macrocosmo é uma ação de El, mas é Baal que faz com que o microcosmo seja vivificado. Um outro ponto, significativo é que a morte de Baal pode ser associada ao processo agrícola, onde as plantações brotam, são ceifadas, e tornam a brotar[17].

Elencado os dados sobre o Mito cananeu, cabe agora desvelar um último mito que se julga importante para compreensão efetiva de nossa pesquisa. Tal mito é fruto da cultura Babilônica.

 

 

4 - O MITO BABILÔNICO

 

Um último ladrilho que se julga fundamental para apresentação do complexo mosaico da cosmogonia no Antigo Oriente é concepção Babilônica acerca das origens do mundo. Esse povo possui uma cosmogonia bem elaborada e pautada por princípios bastante claros e definidos. As semelhanças que ela pode apresentar com as outras duas narradas neste artigo é fruto, sobretudo, do substrato religioso que permeia as três. O Antigo Oriente era um ambiente profundamente politeísta situado no seio de nações de caráter estritamente teocrático.Esse fato possibilita aos povos construírem, narrarem e especularem sobre suas origens a partir de um a variedade de divindades e da certeza que os deuses são personificados nos governantes.

A Babilônia, com toda a sua mitologia, tem importância capital para elaboração de muitos textos bíblicos, dentre eles, só para citar alguns: Gn 1,1─2,4a e Gn 6. A relação entre os Israelitas e os Babilônicos é passível de comprovação. Esse fato dá-se tanto pela Bíblia como pelo viés histórico, sobretudo no período do exílio.(587─537 a.C.)

 

 

4.1 - Israelitas e  Babilônicos: uma relação Bíblica e histórica

Sob a ótica bíblica há uma gama de livros que remontam ao Exílio. Embora hoje ela seja fortemente discutida,tanto exegetas como historiadores concordam que a literatura denominada sacerdotal (P), substrato do Pentateuco, foi elaborada nesse período[18]. Na mesma linha todos os adendos e releituras deuteronomistas são aplicados aos textos bíblicos na mesma época[19]. Contudo para fazer uma alusão mais explicita do contato bíblico entre Israelitas e Babilônicos dois textos são significativos. O primeiro situado no livro dos Reis. Ele relata o processo de destruição de Jerusalém e a deportação dos primeiros Israelitas (cf. 2Rs 24─25). Outra menção ao mesmo fato esta alocada no livro das Crônicas (cf. 2Cr 36,5ss)Há ainda o texto de Esdras (Esd 2, 1─9)e de Crônicas (2Cr 36,22–23) que narram o retorno dos Israelitas para sua terra pelo decreto do Rei Ciro.

Historicamente a ligação entre o “povo eleito” e os “filhos de Marduk é clara. Há um consenso entre especialistas em História de Israel que esses dois povos se entrecruzaram. O período mais intenso de contato entre os dois grupos é o Exílio Babilônico(587-537 a.C). Esse período histórico, segundo Pixley[20], está radicado no pós queda do Império Assírio e ascensão do Babilônico. O Rei Joaquim, que estava ligado aos assírios, passou a pagar tributos ao império dominante. Contudo em 598 a.C ele suspendeu o envio de dividendos. Esse fato fez com que os primeiros Israelitas fossem deportados e o governo da província fosse entregue a Godolias. Em 587 a.C, Jerusalém é sitiada pelos babilônicos e mais um grupo é levado para o exílio. Após o assassínio do governante da província desencadeou-se a última deportação, provavelmente em 582 a.C. Com o declínio do Império dos Babilônicos a Persia torna-se a grande potência. Ciro, novo Imperador, decreta o retorno dos Judeus para sua terra de origem, aproximadamente em 538 a.C.

O Exílio, com efeito, é um evento paradigmático do contato entre Israel e a Babilônia. Certamente a religiosidade do povo dominante deve ter afetado e até convertido muitos judeus. Segundo John Bright[21], era pergunta corrente entre os judeus se esse domínio não era prova que o seu Deus (JHWH) não era mais frágil que o deus pagão. Contudo, esse foi o período mais fértil da teologia Israelita e muitos dos seus escritos foram elaborados para contestar a religião e a mitologia do povo da Babilônia

 

 

4.2 - Criação na cultura Babilônica: o mito de Enuma Elish

A concepção Babilônica da criação, assim como a as outras menciondas neste artigo, vincula-se a elementos como a fertilidade, o politeísmo, a criação e o duelo entre as divindades. A criação do mundo (microcosmo) e do homem são relegados a um segundo plano. Os principais mitos de criação são: Enki e Ninmah; Criação da Picareta, Atrahasis, A epopéia de Gilgamesh e Enuma Elish. Este último será aprofundado nesta seção por dois motivos. Primeiro por ser o mais abordado pelos vários teóricos[22]. Segundo por  apresentar mais claramente, segundo nosso juízo, a questão da criação.

O mito de Enuma Elish, ou Epopéia Babilônica da Criação[23] provavelmente foi escrito para ser entoado nas grandes festas. No mito há várias divindades, dentre elas: Apsu, a água doce e Tiamat, água salgada que são os elementos primordiais(fundantes) do mundo. Anu, deusa do céu ; ‘Lahmu e Lahamu’, deus do lodo; ‘Anska e Kishar’, deusa do vento; ‘Ea’, deus da sabedoria. Essas quatro divindades são filhos dos deuses primordiais. Marduck, filho de Ea e Damika, é divindade dos ventos e das tempestades. Nummu, conselheiro de Apsu; Kingu, trabalhador desastroso, se tornará consorte de Tiamat e líder da guerra contra Marduk. Por fim, Ashar, chefe da assembléia dos Deuses.

A narrativa do mito inicia-se relatando o coito entre Apsu e Tiamat, quando ainda não havia nada. Dessa união surgem quatro deuses: ‘Lahmu e Lahamu’, ‘Anska e Kishar’, ‘Anu’ e ‘Ea’. Estas quatro divindades ainda no ventre de sua mãe, fazem tanto barulho que incomodam Apsu. Ele resolve, a conselho de Nummu, matar seus filhos. Ea, no entanto, apodera-se dessa informação e executa Apsu. Após esse acontecimento, Ea uni-se a Damika e gera Marduk o mais belo e valente entre os deuses.

O corpo de Marduk era lindo; quando erguia seus olhos, luzes dele irradiavam, seu passo era majestoso, ele foi um líder desde seu primeiro momento.

Quando Ea, seu pai, viu seu filho, ele se alegrou, ele ficou radiante e cheio de felicidade, pois como era perfeito o menino! O grande artífice multiplicou os dons divinos do menino, para ser o primeiro dentre os primeiros, dentre todos, o de maior estatura[24].

 

A paz, todavia não é recobrada. Tiamat continua sendo incomodada pelos deuses novos. As divindades menores queixam-se a ela do barulho e lhe instigam a vingar a morte de Apsu, seu amante. Ela então resolve executar o plano de vingança, matando seu filhos. Começa criando várias criaturas de aspectos terríveis. Toma como consorte Kingu a quem entrega as tábuas do destino fazendo suas palavras tornarem-se leis eternas. Coloca-o como chefe desse horrendo exercíto. Desse modo, ela está apta a destruir os deuses menores, seus filhos.

As divindades inferiores são contaminadas pelo medo, pois ninguém é capaz de enfrentar Tiamat. Reunidos em assembléia decidem eleger alguém para combatê-la. Ea apresenta seu filho, Marduk, como único capaz de enfrentar Tiamat. Contudo ele impõe uma condição. Caso vença a batalha quer ter precedência sobre todos as outras divindades. Todos concordam. Marduk sagra-se rei e parte para o combate.

Na luta contra Tiamat, Marduk leva todo o seu aparato bélico próprio da sua divindade(Raios, ventos, tempestades etc). Ele encontra a Mãe de todos os deuses enfurecida. Eles lutam corpo a corpo. Quando Tiamat abre sua boca para engolí-lo, Marduk lança-lhe uma flecha que adentra a sua boca, destrói seu estômago e o seu útero, berço de todos os deuses.

Com o fim de Tiamat, o rei de todos os deuses pega o seu corpo e o divide ao meio. A parte superior ele faz o céu. Fixa nesse lugar os astros, deuses menores, para marcar os dias, meses, anos e estações. Com a cabeça e os seios edifica montanhas. Os olhos, ele os fura para fazer nascer os rios Tigre e Eufrates. A parte inferior do corpo ele forma a terra. Nesse lugar ele cria seu templo chamado babilônia ─ lar do deuses ─ que será ambiente de descanso para todos as divindade bem como de onde ele reinará sobre todos as outras deidades. Assim, é descrito pelos os babilônios as origens do mundo terrestre, ou melhor, do microcosmo.

Nesse mesmo mito é descrita, brevemente, a criação do homem. Conta que Marduck toma Kingu como expiador da culpa dos deuses rebeldes, por ser ele o instigador da revolta. Suas artérias são cortadas. Do sangue dessa divindade é criado o homem e a mulher. Sua criação tem como fim poupar os deuses babilônicos do trabalho. Eles, portanto, devem trabalhar na terra, produzir alimentos para os deuses e serem servos fiéis dos reis.

Essa variedade de elementos mostra a singularidade da cosmogonia babilônica. Ela permite enxergar que os “filhos de Marduk” detinham um complexo sistema de explicação de suas origens. Percebe-se, pois, que suas locuções partem do seu ambiente vital que revelam muito da cultura Babilônica desde sua vocação bélica apresentada em Marduk e Tiamat atéa legitimação da Babilônia como uma cidade sagrada, morada de muitos deuses. Esses fatos nos possibilitam, antes de qualquer coisa, entender o universo babilônico e muito de suas influências no universo bíblico.

 O desfecho desta secção com a cosmogonia babilônica possibilita crer que se apresentou uma ampla visão das origens do mundo no Antigo Oriente. Esses elementos são fatos basilares na construção do ideal desta pesquisa. Eles oferecem suporte para apresentar a singularidade teológica do texto de gênesis 1,1–2,4a como explicação teológica para o evento da origem do mundo. Assim, pois pode-se recobrar o curso desta pesquisa analisando o referido texto bíblico.

 

 

5 - À GUISA CONCLUSÃO:  entre a  especulação e a aproximação

 

A reflexão cunhada neste artigo remete inevitavelmente para conclusões de caráter aproximativo e especulativo. Do ponto de vista especulativo pode-se elocubrar acerca das várias maneiras de entender e responder a origem do cosmo. Do ponto de vista aproximativo  pode-se  mostrar a contigüidade dos textos narrados pelos mitos e a tradição veterotestamentária da criação.

As elucubrações que podem ser extraídas da acepções   de criação do  mundo apresentadas neste   artigo  são de uma  pluralidade inconstestaveis. A partir  delas consegue-se  apresentar um  infinidade de  apontamentos. Destarte,    será demonstrado o que  foi  possivel refletir acerca de cada  concepção  mítica.

Sob a  ótica  mitológica egípcia pode-se averbar que   há uma clara distinção entre dois mundos(dos deuses e das coisas criadas). A priori há um “ambiente” onde as divindades são  gestadas, uma espécie de supra  realidade. Uma  divindade, em particular, cria a si mesmo.  A partir dessa deidade e por causa dela todas as  outras tem sua origem. Assim, o cosmo, tal  como é  entendido,  forma-se de divindades. Elementos como    a Terra, a Água(entenda-se também mar), céu etc são, aos olhos da mitologia egípcia, deuses.  Desse pressuposto pode-se dizer,  de acordo com o raciocínio do mito do Egito, que tanto a origem do mundo como os elementos que o  compõe são deuses(realidades antropomórficas) e mais ainda que o mundo é um lugar divino, uma realidade panteísta.

A mitologia cananéia, por sua vez, apresenta um sistema explicativo  peculiar e, ao mesmo tempo, similar ao dos egipicios. Para eles existe, também, a noção de  dois mundos, um microcosmo e um macrocosmo. No  grande cosmo residem as divindades. São elas que vão dar origem ao pequeno cosmo que é o lugar das coisas criadas e dos humanos.  Essa mitologia  não ocupa-se em apresentar dados  minuciosos da origem do  microcosmo.Antes ele  mostra como  os deuses guiam, governam, regem, conduzem essa realidade. As  deidades tem  uma  peculiar vocação bélica. Guiam o mundo pela guerra. Tanto a  noção de fecundidade como fertilidade são uma constante na narrativa  sobre a criação. Dessa idéia é constituído um intenso culto orgíaco aos  deuses. A essa   acepção de criação do mundo pode-se agregar uma reflexão peculiar.  A nosso ver é a estrutura interna do mundo, da natureza, dos fenômenos físicos que determinam  quais são  e  como são as divindades – nunca  o contrario. A final são estruturas antropomórficas. Por esse motivo que sendo a religião cananéia extremamente  agrícola  não poderia, sob hipótese alguma, prescindir do culto a fertilidade a   belicidade, dado a necessidade de defender a propriedade e   sonhar com   prosperidade da terra.

A explicação babilônica, conforme tentamos apresentar, alinha-se com as duas outras – egipicia e cananéia. Ela também    carrega em seu bojo a idéia de um duplo mundo. Os deuses  habitam a realidade superior.Eles estão hierarquicamente organizados. A origem do mundo está ligada  à fecundidade e à luta entre os deidades. Os elementos que formam o cosmo são a partes dilaceradas, após uma batalha, da divindade “genitora”- Tiamat. A Humanidade é  fruto da sangue de um outro  deus  morto como expiação de uma espécie de rebelião divina. Decorrente dessa  batalha, a Babilônia, é instituída  como a cidade dos deuses. A essa acepção pode-se acrescer uma pequena reflexão particular, apontando alguns elementos que se julga presente na mentalidade desse povo. Primeiro o sistema  mítico de explicação da origem do cosmos, do ponto de vista literário é simples, contudo  no universo da simbologia, a nosso ver, é bastante  denso. O coito que gera todos os deuses é uma  alusão explicita ao culto a fertilidade – que tem origem nos deuses.  A guerra entre as divindades e, muito particularmente, origem ao mundo a partir dos despojos  dos inimigos derrotados evoca, ao mesmo tempo, a aptidão   dos babilônios para o combate  e legitima a expropriação do patrimônio dos inimigos  vencidos.A noção da  Babilônia como cidade dos deuses, crer-se que provém, do antropomorfismo religioso muito comum no Antigo Oriente e  sinal da força de um povo   que provem da divindade que cultuavam.

O outro viés conclusivo desta pesquisa nos remte à uma aproximação, embora superficial,  entre as cosmologias  descritas e as narrativas bíblicas da criação.

O texto   das Sagradas Escrituras que narram a criação  alocam-se no livros do gêneses. São seus capítulos inciais, 1-2. Duas narrativas distintas que, segundo a discutível   teoria das fontes, são atribuídas a tradição Sacerdotal e Javista, respectivamente. Na esfera desta conclusão  se pontua a  relação, sobretudo com o texto Sacerdotal(P).Esse relato bilbico da  criação é datado do  período exilico. A tônica da tradição a qual ele está inserido  norteia-se pela esperança. Ela tenta  apresentar o sentido  das instituições do Antigo Israel – Deus –  como, por exemplo,  a do sábado.

Nos versículos inicais(vv.1-2) desse texto há um ponto de convergência . Literariamente  eles nos  remete às três cosmogonias descritas netse artigo. As semelhanças são patentes. Há, em todas elas, a  noção de caos primordial e a idéia de  alguém que cria, um ser criador.  O que  distingue a narrativa Bíblica  das outras três  é que nela  não  há uma referência a fecundidade, ao coito ou a  uma batalha cósmica. Antes é   a palavra inspiradora   de  Deus que faz com que o mundo exista.  A ele é atribuída a criação, única e exclusivamente, pela  palavra(‘Dabar’). Por outro lado, a noção  da “Teologia menfita” – egípcia – da criação também tem suas bases na palavra que brota do coração de  Path, o que lhe aproxima muito da concepção Israelita da criação.

Um segundo ponto   que  aproxima e a  narrativa bíblica das outras aqui referidas é o projeto da criação. Nestas a preocupação central está em descrever como surgiram  os deuses(antropomorfismo religioso), ao passo que aquela, poeticamente, descreve a origem dos elementos físicos(vv. 1, 2 – 2,4a) que estão ao alcance da mentalidade do  autor do texto. São  formas distintas de narrar o processo de surgimento do cosmo, mas que tendem a explicar como ele surge. Uma  descreve os elementos físicos a outra aponta as deidades,mas ambas confluem para a apontar a  origem do  cosmo  o que lhes atrela profundamente aos dados  culturais do Antigo Oriente.

 Numa outra vertente reside uma  aproximação conflitiva entre a narrativa bíblica e   os mitos. Para os babilônicos, povo que historicamente está mais próximo  dos Israelitas, a  criação é fruto de um processo bélico e a deidades  são personificações de dados físicos, luz, astros etc. No texto veterotestamentário há uma descrição da origem dos cosmos, mas não se encontra uma   deifiicação deles. Ante o fulcro  dessa narrativa  é mostrar que o  Deus deles – Israelitas- é superior a qualquer  outra divindade e que anterior à existência das divindades  “estrangeiras”,  já havia Javé, que tudo criou,conseqüentemente é superior e criador desses elementos.

Por fim,  assegura-se que a noção mítica de criação das culturas abordadas neste artigo são amplas. Elas visam dar cabo de uma pergunta que circunda toda a  humanidade - como surgiu o mundo? Cada uma dessas narrativas, à sua maneira e  na sua época, respondeu a  essa questão. Elas, de modo algum, seriam  aceitas, hoje, como resposta suficiente para tal problema. Todavia seu objetivo  não é, em época alguma, se opor  a história ou a verdade, mas  apenas visa revelar que o mundo, em ultima instância, é  obra  da atuação dos deuses.

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Referências

  • BRIGTH, Jonh história de Israel.4ª ed. São Paulo: Edições Paulinas.1985
  • CAZDLLES, Henri.  História política de Israel:desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo:  paulinas, 1986.
  • CEBI. Mitos e mitologia em  Gn 1-3 e Pentateuco.2004. Grupo de aprofundamento.(texto mimeografado)
  • CIMOSA, Mário. Gêneses 1-11: A Humanidade na sua origem.São Paulo: Paulinas, 1987. p.16 (coleção pequeno comentário Bíblico)
  • CROATO, José Severino. O mito como interpretação da realidade: considerações sobre a função da linguagem mítica na estrutura do Pentateuco.RIBLA. Vozes: Petrópolis; Sinodal: Porto alegre.1996
  • FOHERER, Georg: História da Religião de Israel. São Paulo: Paulinas,1983
  • MCKENZIE, Jonh L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas.1983
  • NASCIMENTO, Abimael Francisco. Introdução ao Antigo testamento. 2005. (Texto mimeografado)
  • SIMIKINS, Ronald. A. Criador e criação: a natureza na mundividência do Antigo Israel. Petrópolis: Vozes, 2004.
  • PEREZ, Carlos Blanco. El concepto de “creacion” en la teologia menfita: aproximacion preliminar a uma hermenêutica comparativa entre la cosmogonia Egipicia y el relato bíblico del Gênesis. EstúdiosBiblico. v.LXIV. 2006.(cuadernos 1)
  • PIXLEY, Jorge. A história de Israel a partir dos pobres. São Paulo: Vozes. 1990 
  • SIMIKINS, Ronald. A. Criador e criação: a natureza na mundividência do Antigo Israel. Petrópolis: Vozes, 2004.
  • TERRA, João Martins Evangelista.Introdução ao Pentateuco. Revista de cultura Bíblica. São Paulo: Loyola.2005. nº 1-4.
  • VOUX, René. História antigua de Israel.v II. Madri:Edições Cristinas, 1975.
  •  

SITES



[1]CROATO, José Severino. O mito como interpretação da realidade: considerações sobre a função da linguagem mítica na estrutura do Pentateuco.RIBLA. Vozes: Petrópolis; Sinodal: Porto Alegre.1996. p.17

[2]BRIGTH, Jonh História de Israel.4ª ed. São Paulo: Paulinas. p.154-160

[3]Cf MCKENZIE, Jonh L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas. p.729: (Em hebraico.petom; egípcio: pr-itm, “casa de /o deus/Atum), uma das cidades do Egito em que trabalharam os Israelitas(Ex 1,11). A cidade, muito provavelmente, deve ser localizada no vale que liga o Nilo com o lago Tinsa no istmo de Suez. Foi construída depois da ascensão de Seti I[Setos I]ao trono(137 a.C).

[4]Cf MCKENZIE, Jonh L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas. p.772: (Em hebraico: ra’meses, ra’ameses; “Rá o gerou”) Cidade do Egito em que os Hebreus foram forçados a trabalhar (Ex 1,11) e de lá partiram para sua viagem para Canaã. Não há dúvidas de que Ramasés é a “Casa/Egipcia/de Ramasés” Fundada pelo célebre faraó Ramasés II que lhe deu o nome. Inscrições Egipcias atestam a magnificência de sua construção. Não foi senão depois da 19ª dinastia que os faraós mudaram residência real de Tebas para o Delta.

[5]Id. Ibid. p.158

[6]Cf. SIMIKINS, Ronald. A. Criador e criação: a natureza na mundividência do antigo Israel. Petrópolis: Vozes, 2004, p.190ss.

[7]Cf MCKENZIE, Jonh L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas. p.667: Seria a On Biblica. Cidade do Egito, situada nas vizinhanças da moderna Matariyeh, 8Km a NE do Cairo. Nada resta da Antiga, senão dois obeliscos de Sestoris I. A cidade é uma das mais velhas fundações do Antigo Egito e é freqüentemente mencionada nas listas e registros egipicios. Nunca foi politicamente importante; sua Importância foi religiosa. Ela foi, porvavelmente, a mais velha e certamente a sede principal do culto ao deus solar “Re” e do outro deus solar Atum, que era o sol como criador.

[8]cf. PEREZ, Carlos Blanco. El concepto de “creacion” en la teologia menfita: aproximacion preliminar a uma hermenêutica comparativa entre la cosmogonia Egipicia y el relato bíblico del Gênesis. EstúdiosBiblico. v. LXIV. 2006.(cuadernos 1) p.3-4: “O que chegou até nos denominado como ‘Teologia Menfita’ encontra-se redigido na pedra de Shabaka (British museum nº498). Ela é  retangular em granito negro 92x137 cm de comprimento. O Texto é distribuído em seis linhas horizontais e sessenta e duas colunas que começam do lado esquerdo. O mesmo texto que conservamos data do reinado de Shabaka (monarca da vigésima quinta dinastia, cerca de 710 a.C), o mesmo Shabaka relata que se viu obrigado a copiar o texto mais antigo que já estava em avançado estado de decomposição. Por inúmeros arcaísmos e analogias retóricas com o texto das pirâmides, pode-se situá-lo no Reino antigo, ainda que seja difícil apresentar uma datação precisa”. ( tradução nossa)

[9]cf. SIMIKINS, Ronald A. Op.cit. p. 93.

[10]cf. SIMIKINS, Ronald A. Op.cit. P.97: “O principal criador de humanos na argila é Khnum. É mais tipicamente conhecido como oleiro que cria tanto deuses como humanos em sua roda de Oleiro”

[11]SIMIKINS, Ronald A. Op.cit. p 97: “A cultura Canaanita é a mais familiar aos antigos Israelitas”; FOHERER, Georg: História da Religião de Israel. São Paulo: Paulinas, 1983. p. 47: “essa religião cananéia é segundo elemento religioso preexistente que toda história da religião israelita deve levar em conta.”

[12]Cf. VOUX, René. História antigua de Israel.V. II. Madri: Ediçiones Cristinas, 1975 p.59-60.

[13]Cf. FOHERER, Georg:op.cit. p.45.

[14]Cf. BRIGTH, Jonh.Op.cit.p.152: Em todas estas religiões havia praticas degradantes(e não eram poucas) tais como prostituição sagrada, homossexualidade e vários ritos orgíacos; Cf. FOHERER, Georg: op.cit. p.57: O Elemento Sexual é notável característica não apenas das deusas, mas também dos deuses, sem excetuar El e, sobretudo Baal.

[15]SIMIKINS, Ronald A. Op.cit. p.98.

[16]Cf.SIMIKINS, Ronald A. Op.cit. p.98.

[17]Cf. MCKENZiE, jonh L. Op.cit. 100: O mito da morte e ressureição de Baal é representa o ciclo anual da cessação e do retorno da fecundidade: com a promulgação ritual do mito , fica assegurada  recorrência do ciclo.

[18]Cf. BRIGTH, Jonh. Op. cit.p.473: “A narrativa Sacerdotal do Pentateuco provavelmente foi composta durante o século VI, possível exílio; Cf. TERRA, João Maria Evangelista(Dom). Op. cit. p37: “ Tradição sacerdotal formou-se durante o exílio (ou pouco antes) e se impôs depois do exílio no século V a.C. Deu a forma definitiva do Pentateuco”

[19]Cf. PIXLEY, Jorge. A história de Israel a partir dos pobres. São Paulo: Vozes, 1990 p.84; ou Cf. BRIGTH, Jonh. Op. cit.p.473 e . FOHERER, Georg: Op. cit. p.389-390.

[20]Cf. PIXLEY, Jorge. Op. cit. 1990 p.81-83.

[21]Cf. BRIGTH, Jonh.Op. cit. p.470.

[22]cf. TERRA, João Martins Evangelista.Op.cit.p 69 e 140; CIMOSA, Mário. Op.cit. p.16; SIMIKINS, Ronald A. Op.cit. p.71.

[23]cf. TERRA, João Martins Evangelista.Op.cit.p140: “Trata-se de um poema escrito em tijolinhos de Argila, descoberto em 1875 nas ruínas da biblioteca de Assurbanipal (669-630) da Assíra, perto de Qurjundik e cuja composição remonta o tempo de Amurabi. O Poema esta escrito em sete tabuinhas”.

[24]Mito Babilônico da criação, disponível em:<Http://www.angelfire.com/me /babiloniabrasil/enelish.html>. ascessado em 27/02/01.