Esse é um dos mistérios da nossa fé. Mas não se trata de um mistério que podemos deixar de lado, como um tema teológico entre vários. Essa verdade, que Jesus é Deus, é essencial e fundamental para a nossa fé. Em Jesus Cristo existem duas naturezas, a divina e a humana, que convivem em uma só pessoa: Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Embora tenham havido muitas discussões sobre esse tema na história do cristianismo, não é correto pensar que se trata de um dogma estabelecido pela igreja, em época de Constantinopla.

A Bíblia, de fato deixa muito evidente a natureza divina e humana, contemporaneamente, de Cristo. No nascimento, o Salvador não apareceu exclusivamente como Deus ou como homem, mas apareceu como a combinação única do verdadeiro Deus e do verdadeiro homem. Deus (a Palavra), manifestou-se em carne e osso. Cristo poderia ter vindo à terra em pleno poder, de maneira completamente divina. Neste caso, ele teria demonstrado seu infinito poder, mas, como não poderia ter sofrido na forma humana, ou seja, exatamente como nós, de fato mais do que nós, já que foi flagelado e crucificado de forma terrível, não poderia ter pago pelos pecados de toda a humanidade, não poderia ter expiado e assim tirado o pecado do mundo. Esta é a verdadeira razão pela qual Jesus Cristo também veio em uma forma totalmente humana, na qual somente com um corpo humano, Ele podia sofrer, sentir emoções, chorar, sentir compaixão, sentir dor e finalmente pagar por todos os nossos pecados.

Quando a Palavra se fez carne, Deus não era mais espírito, mas carne. Vemos uma passagem que se refere aos quarenta dias após a Ressurreição de Jesus, em Lucas 24,39:

Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho.

O milagre da encarnação, portanto, foi a transformação do Verbo, da forma de Deus para a forma de servo (Filipenses 2,3-11). Desde o momento de sua concepção sagrada pelo Espírito Santo, suas duas naturezas coexistiram nele. Como homem ele graciosamente participou do casamento em Caná, mas como Deus ele transformou água em vinho; como homem ele precisava dormir, mas como Deus ele acalmou as águas durante a tempestade; como homem ele sofreu a morte de seu amigo Lázaro, mas como Deus ele o ressuscitou.