O livro do Gênesis pretende falar da origem de tudo. Poderíamos dizer que Gênesis é "o livro do começo". É dividido em duas partes: até o capítulo 11 conta a "proto-história", fala da origem do mundo; dos capítulos 12 até o 50 fala da história dos patriarcas.

Sabemos bem que logo no início existem duas histórias da criação, uma que se conta de Gênesis 1,1 até 2,4a e a outra de Gênesis 2,4b até 2,25. Cada um dos dois trechos tem uma mensagem particular.

No primeiro capítulo, e assim entramos concretamente na resposta à sua pergunta, o autor é alguém muito ligado ao ambiente sacerdotal. Por isso tudo é dividido em uma semana, como acontecia com a liturgia, com o centro no dia do sábado, o sétimo dia, quando o Senhor descansa.

Essa narração não quer descrever como tudo aconteceu no início, nos detalhes, mas pretende que os leitores entendam o mundo como uma totalidade, tudo criado por Deus, e que tudo até hoje está em suas mãos. As divisões de espaço e de tempo pertencem a Deus; foram por Ele estabelecidos. O tempo vem primeiro do espaço, pois primeiro de tudo separou trevas da luz, estabelecendo a sucessão dos dias nos quais as coisas serão criadas. As criaturas, portanto são "feitas" e não simplesmente existem.

No sexto dia são criados os animais terrestres e o ser humano. A última obra é superior às precedentes. E isso se destaca a partir da vontade deliberativa divina ("façamos") e também da tarefa confiada ao ser humano. Ter sido criado a "imagem e semelhaça" de Deus sublinha a relação particular que tem com o divino: o criador quis criar um ser que fosse do seu patamar, com quem pudesse falar, que lhe escutasse. Em relação à tarefa, ao homem é dado poder sobre todas as criaturas. Domínio indica responsabilidade em garantir a prosperidade daqueles de quem é senhor.

Além disso, o homem é homem e mulher. Somos seres sociais e à base de toda comunidade está aquela formada por um homem e uma mulher.

"Era mutio bom", diz Deus quando termina a criação. Deus aprova o que há no mundo, aquilo que ele fez.