É uma pergunta cuja resposta resulta bastante complexa. Não existe um único autor para os apócrifos, mas basicamente um para cada apócrifo. E os apócrifos são tantos. Além disso, os livros escritos no passado não são como aqueles de hoje, que têm a assinatura do autor. Ao contrário – e isso vale particularmente para os livros apócrifos – muitos usavam pseudônimos, dizendo ser alguém que era usado com o simples objetivo de dar autoridade ao escrito. Portanto, para a maioria dos apócrifos é impossível estabelecer um autor, enquanto que para outros existem estudos que tentam identificar quem possa ser, principalmente que grupo possa ter escrito. Muitos escritos apócrifos nascem dentro de ambientes sectários da igreja cristã, como aquele gnóstico. Mas se consegue apenas identificar o ambiente de onde possa ter vindo, sem todavia conseguir dizer quem é o autor material.

 

Visão panorâmica

Os apócrifos, como dizíamos, são tantos. Em termos didáticos, são classificados como Apócrifos do Antigo Testamento e Apócrifos do Novo Testamento.

Aqueles do Antigo Testamento têm como tema personagens ou eventos inerentes a personagens ou período histórico que são descritos pelo Antigo Testamento. Isso, porém, não significa que foram escritos antes de Cristo; a maioria, de fato, nasceu dentro de comunidade cristãs. Eles são classificados em base ao estilo. Há muitos “apocalipses” (Apocalipse de Adão, Apocalipse de Elias, Apocalipse de Baruc, etc.), testamentos (Testamento dos 12 Patriarcas, Testamento de Abraão, Testamento de Moisés, etc.), entre outros. Um dos mais famosos entre os apócrifos do Antigo Testamento é o Livro de Enoque.

Os Apócrifos do Novo Testamento são, por sua vez, divididos em evangelhos (Evangelho de Pedro, Evangelho de Tiago, Evangelho de Tomás, etc.), Atos (Atos de Pedro, Atos de Paulo, Atos de Pilatos, etc), Cartas (Carta de Paulo a Laodiceia, Carta de Paulo a Sêneca, Carta de Clemente aos Coríntios, Cartas de Inácio, Cartas de Pilatos e Herodes, Didaqué, Pastor de Hermas, etc) e Apocalipses (Apocalipse de Pedro, Apocalipse de Tomás, Apocalipse de Bartolomeu, etc).

 

Apócrifos-deuterocanônicos e pseudo-epígrafos

Os cristãos evangélicos chamam de apócrifos os 7 livros presente na bíblia dos católicos (). Para os católicos, ao invés, eles são ditos "deuterocanônicos", isto é, que entraram mais tarde no cânon.

Noramalmente os protestantes chamam os clássicos apócrifos, tal como estamos tratando aqui, de pseudo-epígrafos, isto é, escrito aos quais é atribuída falsa autoria, usando um nome de um personagem famoso para dar autoridade ao escrito.

 

Valor dos apócrifos

Dentro dessa ampla literatura existem diferentes avaliação sobre o conteúdo. Muitos escritos são claramente sectários e são escritos para defender a própria ideia. Outros escritos gozam de grande estima entre os estudiosos e teólogos (Enoque, Hermas, Didaqué – para citar alguns). De qualquer forma todos eles estão publicados e podem ser lidos. Às vezes, se a leitura não for feita com um conhecimento do contexto em que nasceram, podem provocar confusão. Muitos deles, por exemplo, foram escritos vários séculos depois de Cristo e são claramente desligados do contexto histórico da tradição cristã e tem unicamente como finalidade a apologia das próprias ideias doutrinais.

Considerando o contexto de cada obra e inserindo-os dentro do devido patamar, eles são muito interessantes para entender e estudar o desenvolvimento da igreja e da teologia.