Infelizmente não pude comprovar a fonte que provocou a sua pergunta. Provavelmente você teve em mãos uma versão bíblica onde 2Pedro tem 4 capítulos. Verificando as 5 versões que normalmente uso e consulto fisicamente e procurando também nas versões online, não encontrei nenhuma edição dessa carta que contenha o capítulo 4; todas terminam com o capítulo 3. Portanto, a Segunda Epístola de Pedro é formada por três capítulos. A presença de 2Pedro 4 seria um erro.

Aproveito essa sua pergunta para dizer que tal diferença entre as bíblias pode existir. Tomamos, por exemplo, o livro de Daniel. Os católicos e outras igrejas orientais encontrarão os capítulos 13 e 14, enquanto que nas bíblicas evangélicas, Daniel termina com o capítulo 12. Os dois capítulos presentes nas bíblias católicas são textos que existem somente e grego e, por isso, como os outros 7 livros "deuterocanônicos", não aparecem nas bíblias protestantes.

 

Divisão de capítulos e versículos

Um exemplo que podemos citar é o final de Juízes 5. Na maioria das bíblias esse capítulo termina com o versículo 31. Mas a Almeida Revista e Corrigida tras a seguinte divisão:

31 Assim, ó SENHOR, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que o amam sejam como o sol quando sai na sua força.
32 E sossegou a terra quarenta anos.

Os textos, considerando as diferentes versões, não têm nenhuma diferença, exceto a divisão dos versículos. Nesse caso não existe nenhuma razão para essa diferença e provavelmente é um erro. De qualquer forma, esse exemplo serve como base para sublinhar a questão da divisão da Bíblia em capítulos e versículos.

Essa divisão não vem dos autores dos livros, mas foram feitas relativamente há pouco tempo, na Idade Média. São recursos extraordinários para o uso da Bíblia, pois sem eles seria muito difícil indicar uma referência.

Em termos histórico, os judeus usavam um sistema de divisão em parágrafos, usando as letras PE e SAMECH. Mas elas não coincidem com as nossas divisões.

Primeiro de tudo veio a divisão por capítulos, realizadas pelo Arcebispo Estêvão Langton e pelo Cardeal Hugo de Sancto Caro. Eram duas divisões diferentes, ambas realizadas no século XIII. Prevaleceu a divisão do Arcebisbo Langton, realizada em 1205.

A divisão em versículos veio só 300 anos mais tarde. O primeiro a propor uma tal empresa foi o italiano Santi Pagnini (1470-1541), mas o seu trabalho não foi aquele adotado por todos. A divisão em versículos que usamos hoje foi feita por Roberto Estienne e aplicada na sua edição grega do Novo Testamento, publicada em 1551 e depois na versão em francês de 1553.