Os judeus que saem do Egito entram no deserto, chamado "deserto de Sur" e mais ao sul o "deserto do pecado". As etapas desta viagem pelo deserto estão listadas no Livro dos Números. E a tradição diz que o povo esteve vagando pelo deserto durante 40 anos (veja Atos dos Apóstolos 7,36, além de Deuteronômio 8,4).

Existem dois modos de ver esses 40 anos pelo deserto. Do ponto de vista temporal e histórico, é provável que se trata de um percurso ditado pelo estilo de vida desse povo, um estilo marcado pela atividade que faziam, que era principalmente de cuidado com o rebando de cabras e ovelhas, que os levava a serem nômades, procurando pastagens. Ao mesmo tempo os 40 anos têm um sentido espiritual, que é de crescimento, de maturidade: é o tempo da preparação, da realização da promessa.

 

O caminho pelo deserto

Os judeus que saem do Egito entram no deserto, dito em hebraico midbar, chamado "deserto de Sur" e mais ao sul "deserto de Sin" (Êxodo 15,22; 16,1). As etapas desta viagem pelo deserto estão listadas no Livro dos Números. Dofqa é identificado com Serabit El-Kadem, um lugar de minas, onde algumas das mais antigas inscrições alfabéticas (protosynaitic) foram descobertas. Na terceira lua nova (3 x 28 dias), os israelitas chegam ao deserto do Sinai e acampam em frente ao monte, onde é feita a Aliança entre YHWH e o povo. Então eles atravessam o Deserto do Paran para o santuário de Kades-Barnea, que está localizado no Deserto de Sin (Números 10,11-12).

Daqui enviam exploradores para a terra de Canaã, que atravessam o deserto de Negev e chegam a Hebrom (Números 13,21-24). Os habitantes de Edom não permitem que os judeus, liderados por Moisés, alcancem o grande "caminho real" que de Ezion-Geber, no Mar Vermelho, através das regiões de Edom e Moabe, chega a Damasco (Números 20,12-21). Portanto, desde Cades-Barnéia os hebreus chegam ao monte Coré, tocam Eziom-Geber, e passando pelo oriente de Edom, atravessam Moab, para alcançarem desde o oriente os confins da terra de Canaã, a terra prometida por Deus a Abraão e aos seus descendentes.

 

As "provas" do deserto

O caminho no deserto é dividido em duas etapas. A primeira rota vai da fronteira do Egito até o Monte Sinai. A segundo, após a saída do Monte Sinai, chega às fronteiras da terra prometida. O caminho no deserto é marcado pelas "provas" que podem ser distribuídas em dois grupos. A primeira é a da água, perto das "águas de Mara", que significa "amargo". A água amarga - salgada - torna-se doce graças à intervenção de Deus, através de Moisés (Ex 15,22-27). A prova da água da rocha, perto de Refidim, obtida graças à mediação de Moisés, que responde à povo que faz uma rebelião (em hebraico Meribah), que põe à prova o Senhor (em hebraico Massa - Ex 17, 1-7; cf. Nm 20, 1-13). O segundo prova é aquela da comida, com o maná e as codornizes (Ex 16,1-36; cf. Nm 11,4-9.31-35).

Essas provas comprovam o significado espiritual dos 40 anos pelo deserto, que é enfatizado pelo livro do Deuteronômio (8,2-5):

Lembre-se, porém, de todo o caminho que Javé seu Deus fez você percorrer durante quarenta anos no deserto, a fim de o humilhar e o colocar à prova, para conhecer suas intenções: será que você iria observar os mandamentos dele ou não? Ele humilhou você, fez você sentir fome e o alimentou com o maná, que nem você nem seus antepassados conheciam, tudo para mostrar a você que o homem não vive só de pão, mas que o homem vive de tudo aquilo que sai da boca de Javé. As roupas que você usava não se gastaram, nem seu pé inchou durante esses quarenta anos. Portanto, reconheça em seu coração que Javé seu Deus educava você como o homem educa o próprio filho.