Os talentos são mencionados na assim chamada "Parábola dos Talentos", em Mateus 25,14-30 (veja paralelos em Marcos13,34 e Lucas 19,12-27).

“Talento”é uma palavra grega que significa “um peso”. A palavra em hebraico é kikkar e significa “redondo”, que provavelmente faz alusão à forma do peso.

Essa simples análise nos leva a concluir que não se trata de uma moeda, mas de uma medida, um valor. Portanto, não é fácil saber qual era o tipo do material das moedas mencionadas na parábola. As moedas normalmente eram de prata. Se fossem de prata, 5 talentos correspondiam a 150 quilos de prata em moeda.

Sabemos que tinha um valor muito alto, mas com exatidão não é fácil de determinar, pois variava conforme a época e o lugar. Por exemplo, o talento romano valia 6.000 denários (veja Mateus 18,28), que era o equivalente à paga de um dia de trabalho, o mesmo que o dracma, moeda grega.

No Antigo Testamento é um valor em peso, de cerca de 30 quilos (Êxodo 25,39; 37,24; 2Samuel 12,30...).

Segundo 2Reis 18,14, o rei Ezequias teve que dar à Assíria 300 talentos em prata e 30 em ouro, que seriam cerca de 9 mil quilos de prata e 900 quilos de ouro. Isso é confirmado por documentos extra-bíblicos, que comprova que também na Assíria se usava tal medida de peso.

 

A parábola

Aproveito a oportunidade para sublinhar que a mensagem desse texto vai bem além do aspecto pecuniário. Os talentos aqui mencionandos têm a única função de sublinhar o exagero da bondade do “homem que viaja para o estrangeiro”.

A parábola não é uma exaltação da eficiência, como poderia parecer, nem da meritocracia, mas é uma provocação à comunidade, que normalmente é morna, sem iniciativa, contenta com aquilo que faz, com medo dos novos desafios e das mudanças que acontecem.

Às vezes se pensa que o fazer seja aquilo que torna cristã uma comunidade; e muitas vezes se trata de um fazer estéril... Aquilo que conta, ao invés, é a obediência à Palavra do Senhor, que nos empurra na direção de novas fronteiras, de estradas nunca percorridas antes.