Na Bíblia não encontramos notícias sobre a morte de Paulo. Através dela (Atos 26 - 28) sabemos que ele fez sua última viagem, como prisioneiro, para Roma, onde chegou vindo através de Malta, Siracusa e sul da Itália. Lucas conta que quando chegaram em Roma, "Paulo recebeu permissão para morar em casa particular, sob a vigilância de um soldado" (Atos 28,16). Depois, Lucas termina o livro dos Atos dos Apóstolos dizendo:

Paulo morou dois anos numa casa alugada, vivendo às custas do seu próprio trabalho. Recebia a todos os que o procuravam, pregando o Reino de Deus. Com toda a coragem e sem obstáculos, ele ensinava as coisas que se referiam ao Senhor Jesus Cristo. (Atos 28,30-31).

Isso é tudo que se sabe, através da Bíblia, da presença do Apóstolo das Gentes em Roma, capital do Império Romano. Lucas não tem interesse em contar a biografia de Paulo, mas fala do propagar-se da mensagem de Jesus. O programa do livro dos Atos era mostrar o testemunho apostólico expandindo-se de Jerusalém «até os extremos da terra» (1,8). Com a chegada de Paulo a Roma, Lucas encerra seu livro.

 

A morte de Paulo

Conforme as informações que se transmitem desde os primeiros séculos, Paulo teria morrido decapitado no período da perseguição de Nero. A decapitação era uma pena de morte considerada digna, reservada aos cidadãos romanos. O martírio teria ocorrido em uma localidade conhecida com o nome de Aquæ Salviæ, ao sul de Roma, provavelmente no ano 67 dC. Nesse local foi construída uma igreja, chamada de Igreja de São Paulo, que hoje se encontra dentro do complexo Trapista da Abadia das Três Fontes, em Roma, ao longo da Via Laurentina. Tradicionalmente se diz que, quando decapitado, a cabeça de Paulo bateu três vezes na terra e cada vez fez com que jorrasse uma fonte de água, presentes ainda hoje na igreja mencionada. Paulo, depois do martírio teria sido sepultado onde atualmente se encontra a Basílica de São Paulo fora dos muros, sempre em Roma, a cerca de 5 quilômetros do local do martírio.

 

O que dizem os testemunhos históricos

Clemente romano, escrevendo aos Coríntios no final do primeiro século, diz que Paulo morreu “sob os prefeitos”, sem especificar ulteriores detalhes.

Tertuliano (final do século II) relata que em Roma "ele ganhou sua coroa morrendo como João" (Batista, ou seja, decapitado).

O apócrifo Martírio de São Paulo Apóstolo, na seção dos Atos de Paulo (final do século II), descreve detalhadamente a morte de Paulo por vontade explícita de Nero:

"De pé, de frente para o Oriente, Paulo rezou por um longo tempo. Depois de prolongar a oração e conversar em hebraico com os padres, esticou o pescoço sem pronunciar uma palavra. Quando o carrasco decapitou a cabeça, respingou um pouco de leite na roupa do soldado. O soldado e todos os presentes, diante desta visão, ficaram maravilhados e glorificaram a Deus que deu a Paulo tanto glória; E, ao retornar, anunciaram a César (Nero) o que aconteceu. Ele também ficou espantado e envergonhado" (Capítulo 5)

Eusébio, em torno de 325, relata de que Paulo foi decapitado em Roma sob Nero (reinado 54-68, com a perseguição contra os cristãos colocada entre 64-68, após o incêndio de Roma) e citando a Carta perdida aos romanos de Dionísio de Corinto (final do século II) coloca o martírio de Pedro e Paulo no mesmo dia.

No final do século IV, Jerônimo ressalta que ele foi decapitado em Roma e foi enterrado ao longo da Via Ostiense no 14º ano de Nero (67), dois anos após a morte de Seneca.

Importante por sua antiguidade, é também o testemunho do presbítero Gaius, eclesiástico que viveu no tempo do Papa Zephyrinus (199-217). Em um de seus escritos contra Proclus, chefe da seita Montanista, ele fala dos lugares onde os restos sagrados dos Apóstolos (Pedro e Paulo) foram depostos, dizendo: "Posso mostrar-lhe os troféus dos Apóstolos. Se você quer ir ao Vaticano, ou na Via Ostiense, você encontrará os troféus dos fundadores desta Igreja ». (Historia Ecclesiastica, 11, 25, P.L. 20, 207-210)

Os Atos apócrifos de Pedro e Paulo (escritos após o século IV) relatam que a decapitação de Paulo ocorreu na Via Ostiense no mesmo dia da morte de Pedro, especificando a data de seu martírio em 29 de junho. A História de Perpetua, adição contida em alguns manuscritos gregos, afirma que o lugar da decapitação foi chamado Aquæ Salviæ e foi situado "perto do pinheiro". A data provavelmente deriva do fato de que, em 29 de junho de 258, sob o imperador Valeriano (253-260), os corpos dos dois apóstolos foram transportados para as Catacumbas de San Sebastiano, e apenas um século depois, o Papa Silvestre I (314-335) levou as relíquias de Paulo para o lugar do primeiro enterro. Nessa data, a tradição católica celebra a solenidade dos santos Pedro e Paulo.

Abaixo você pode ver a igreja que recorda o lugar onde paulo foi martirizado e a Basílica construída no local onde foi sepultado.

Igreja de São Paulo, lugar do Martírio do apóstolo dos gentios - Roma
Igreja de São Paulo, Abadia Três Fontes - Local do Martírio de Paulo, Roma


Basílica de São Paulo Fora dos Muros - Túmulo de Paulo, Roma