Para mim esse tema é muito complexo, pois trata de percepções pessoais e toca a fé popular. Todos conhecemos alguém que leva consigo um santinho ou outro objeto religioso que lhe dá segurança e estima de maneira sobrenatural. Se é algo que o conduz a Deus, como podemos condenar? Ao mesmo tempo, não poderia ser como um amuleto ou um talismã e revelar a má compreensão da fé?

A verdade é que a relação com o desconhecido, com o Mistério e especialmente com Deus cria inevitavelmente a necessidade de concretizar-se em alguma coisa material, ligando o transcendente com o imanente. Muitas vezes esses "objetos" já têm em si um significado ou representam um símbolo natural. É assim com o sal, que dá sabor a tudo o que comemos; a água, fonte de vida; o óleo, essencial para a vida; a cruz, através da qual Deus nos salva; os santos, que com suas vidas se aproximaram de maneira extraordinária de Deus; etc.

Penso que a ação de colocar objetos na Bíblia possa traduzir a intenção de ligar a própria vida quotidiana com o sagrado, com a vontade de Deus, que é revelada através da Bíblia e isso pode ser um aspecto significativo e positivo. Por outro lado, é necessário prestar atenção e não considerar essa ação como um ato mágico, independente do nosso comportamento, que automaticamente traz o bem. É uma ação que pode nos impelir a agir para colocar em prática a vontade divina, mas ela não acontecerá do nada: sem uma ação concreta, colocar uma aliança na Bíblia não vai resolver uma crise matrimonial! Mas pode muito bem dar forças, tiradas da fé em Deus, para enfrentar tal situação e resolvê-la segundo a luz do Espírito.