João
João 6
- Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades.
- Então Jó, respondendo, disse:
- E seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
- Oxalá de fato se pesasse a minha mágoa, e juntamente na balança se pusesse a minha calamidade!
- Subiu, pois, Jesus ao monte e sentou-se ali com seus discípulos.
- Pois, na verdade, seria mais pesada do que a areia dos mares; por isso é que as minhas palavras têm sido temerárias.
- Ora, a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.
- Porque as flechas do Todo-Poderoso se cravaram em mim, e o meu espírito suga o veneno delas; os terrores de Deus se arregimentam contra mim.
- Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Felipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?
- Zurrará o asno montês quando tiver erva? Ou mugirá o boi junto ao seu pasto?:
- Mas dizia isto para o experimentar; pois ele bem sabia o que ia fazer.
- Pode se comer sem sal o que é insípido? Ou há gosto na clara do ovo?
- Respondeu-lhe Felipe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pouco.
- Nessas coisas a minha alma recusa tocar, pois são para mim qual comida repugnante.
- Ao que lhe disse um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro:
- Quem dera que se cumprisse o meu rogo, e que Deus me desse o que anelo!
- Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?
- que fosse do agrado de Deus esmagar-me; que soltasse a sua mão, e me exterminasse!
- Disse Jesus: Fazei reclinar-se o povo. Ora, naquele lugar havia muita relva. Reclinaram-se aí, pois, os homens em número de quase cinco mil.
- Isto ainda seria a minha consolação, e exultaria na dor que não me poupa; porque não tenho negado as palavras do Santo.
- Jesus, então, tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos que estavam reclinados; e de igual modo os peixes, quanto eles queriam.
- Qual é a minha força, para que eu espere? Ou qual é o meu fim, para que me porte com paciência?
- E quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
- É a minha força a força da pedra? Ou é de bronze a minha carne?
- Recolheram-nos, pois e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.
- Na verdade não há em mim socorro nenhum. Não me desamparou todo o auxílio eficaz?
- Vendo, pois, aqueles homens o sinal que Jesus operara, diziam: este é verdadeiramente o profeta que havia de vir ao mundo.
- Ao que desfalece devia o amigo mostrar compaixão; mesmo ao que abandona o temor do Todo-Poderoso.
- Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho.
- Meus irmãos houveram-se aleivosamente, como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam,
- Ao cair da tarde, desceram os seus discípulos ao mar;
- os quais se turvam com o gelo, e neles se esconde a neve;
- e, entrando num barco, atravessavam o mar em direção a Cafarnaum; enquanto isso, escurecera e Jesus ainda não tinha vindo ter com eles;
- no tempo do calor vão minguando; e quando o calor vem, desaparecem do seu lugar.
- ademais, o mar se empolava, porque soprava forte vento.
- As caravanas se desviam do seu curso; sobem ao deserto, e perecem.
- Tendo, pois, remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco; e ficaram atemorizados.
- As caravanas de Tema olham; os viandantes de Sabá por eles esperam.
- Mas ele lhes disse: Sou eu; não temais.
- Ficam envergonhados por terem confiado; e, chegando ali, se confundem.
- Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam.
- Agora, pois, tais vos tornastes para mim; vedes a minha calamidade e temeis.
- No dia seguinte, a multidão que ficara no outro lado do mar, sabendo que não houvera ali senão um barquinho, e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, mas que estes tinham ido sós
- Acaso disse eu: Dai-me um presente? Ou: Fazei-me uma oferta de vossos bens?
- (contudo, outros barquinhos haviam chegado a Tiberíades para perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças);
- Ou: Livrai-me das mãos do adversário? Ou: Resgatai-me das mãos dos opressores ?
- quando, pois, viram que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus.
- Ensinai-me, e eu me calarei; e fazei-me entender em que errei.
- E, achando-o no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui?
- Quão poderosas são as palavras da boa razão! Mas que é o que a vossa argüição reprova?
- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes.
- Acaso pretendeis reprovar palavras, embora sejam as razões do desesperado como vento?
- Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.
- Até quereis lançar sortes sobre o órfão, e fazer mercadoria do vosso amigo.
- Pergutaram-lhe, pois: Que havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus?
- Agora, pois, por favor, olhai para, mim; porque de certo à vossa face não mentirei.
- Jesus lhes respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.
- Mudai de parecer, peço-vos, não haja injustiça; sim, mudai de parecer, que a minha causa é justa.
- Perguntaram-lhe, então: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos e te creiamos? Que operas tu?
- Há iniqüidade na minha língua? Ou não poderia o meu paladar discernir coisas perversas?
- Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Do céu deu-lhes pão a comer.
- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.
- Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
- Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
- Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.
- Mas como já vos disse, vós me tendes visto, e contudo não credes.
- Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
- Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
- E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.
- Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
- Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu;
- e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu?
- Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.
- Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
- Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
- Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que é vindo de Deus; só ele tem visto o Pai.
- Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê tem a vida eterna.
- Eu sou o pão da vida.
- Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.
- Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
- Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.
- Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer?
- Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
- Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
- Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
- Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
- Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
- Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.
- Estas coisas falou Jesus quando ensinava na sinagoga em Cafarnaum.
- Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
- Mas, sabendo Jesus em si mesmo que murmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: Isto vos escandaliza?
- Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?
- O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
- Mas há alguns de vós que não crêem. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.
- E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido.
- Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele.
- Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?
- Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.
- E nós já temos crido e bem sabemos que tu és o Santo de Deus.
- Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é o diabo.
- Referia-se a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era ele o que o havia de entregar, sendo um dos doze.
João